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Xenofobia: Campo de refugiados de Durban está sobrelotado

Subry Govender / Maria João Pinto27 de maio de 2015

Quase dois meses depois do início da onda de violência xenófoba na África do Sul que resultou em sete mortos, cerca de 500 residentes estrangeiros continuam alojados em Chatsworth, um campo sobrelotado em Durban.

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Foto: Reuters/R. Ward

A maioria dos milhares de deslocados já regressou aos seus países de origem – Moçambique, Malawi, Zimbabué e Zâmbia – ou tentou reintegrar-se na sociedade sul-africana. Outras 500 vítimas, incluindo 180 crianças, continuam no campo de refugiados de Chatsworth, em Durban.

Fazem parte das mais de cinco mil pessoas que procuraram refúgio em dois acampamentos na cidade, depois de terem sido atacadas e forçadas a abandonar as suas casas no início de abril.

A maior parte vem da República Democrática do Congo (RDC) e do Burundi, mas há também cidadãos de Moçambique e do Zimbabué. Não querem regressar às áreas onde foram atacados e obrigados a fugir para sobreviver.

Ataques continuam

Stebe Meshe, um congolês de 35 anos, regressou à sua casa em Kwazulu Natal com a mulher e os três filhos há uma semana, encorajado pelas autoridades sul-africanas. Meshe, que vive na África do Sul há 10 anos, voltou agora a Chatsworth, depois de ter sido atacado no seu caminho para o trabalho, há alguns dias atrás.

"Eles vieram e tentaram atacar-me outra vez. Perguntaram-me o que é que ainda estava a fazer aqui se os outros já saíram do país. Apontaram-me uma arma, mostraram-me uma faca e levaram tudo o que eu tinha", conta.

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Prometeram matá-lo se o vissem outra vez. "Voltei a ter medo e a minha mulher disse para virmos para aqui. Estive cá um mês e meio, saí do campo há uma semana, mas tornei a voltar", relata o congolês.

Outro residente de Chatsworth, Didier Bigambe, da República Democrática do Congo (RDC), conta que os deslocados que ainda vivem no campo de refugiados reconhecem os esforços do Governo sul-africano, mas afirma que as suas experiências têm sido totalmente o oposto da mensagem "Somos todos africanos" expressa pelo Presidente Jacob Zuma, os seus ministros e a comunicação social.

"Perdi as minhas coisas, o meu negócio. Pedi-lhes para regressar a casa, como as pessoas do Malaui e do Zimbabué. Se não me sinto seguro, não me podem forçar a regressar à comunidade. Mas estão a obrigar-nos a fazê-lo e nós queremos ir para casa", lamenta.

Reintegração

As autoridades do campo de Chatsworth dizem estar a fazer os possíveis para permitir a reintegração dos deslocados nas suas comunidades ou o regresso aos países de origem.

A maioria das vítimas ficou seriamente traumatizada depois dos ataques xenófobos. "Muitos têm histórias de tratamento injusto por parte das pessoas em posições de poder – seja a polícia ou funcionários do Ministério do Interior. Ou foram a clínicas e disseram-lhes: és estrangeiro, o que é que estás a fazer aqui, estás a roubar-nos os nossos empregos, volta para o teu país", explica Ainslee McCarthy, dos Médicos Sem Fronteiras.

"Um dos principais papéis dos responsáveis é garantir a segurança destas comunidades e tentar eliminar esta divisão", acrescenta Ainslee McCarthy, que integra o grupo de profissionais de saúde que prestam apoio aos refugiados.

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