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Cabo Verde: Isenção de vistos para europeus a gerar polémica

Lusa
17 de abril de 2017

Em meio à polémica, Ulisses Correia e Silva abstém-se de comentar repercussão da proposta de isenção de visos para europeus.

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Foto: DW/J. Carlos

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, considerou esta segunda-feira (17.04) já ter dito tudo sobre a isenção de vistos a cidadãos da União Europeia, escusando-se também a comentar uma mensagem do Presidente da República que apelava para a boa comunicação das decisões políticas.

"Não faço declarações sobre a mensagem do Presidente", disse Correia e Silva, acrescentando: "sobre a isenção de vistos já disse tudo o que tinha a dizer".

O anúncio da isenção de vistos de entrada em Cabo Verde, a partir de maio, para cidadãos da União Europeia feito por Ulisses Correia e Silva, na semana passada, à saída de uma audiência com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, suscitou uma acesa troca de argumentos entre apoiantes e opositores da medida.

Polémica

A polémica começou com um post do ex-primeiro-ministro José Maria Neves, que classificou a medida como absurda e prejudicial à posição negocial de Cabo Verde com a União Europeia, considerando que esta não deveria ser unilateral, mas ter contrapartidas para o país.  

Na resposta, o Governo afirmou que "absurdo é não compreender o alcance da medida" e assegurou que haverá ganhos para o país.

Jorge Carlos Fonseca
Jorge Carlos Fonseca: boa comunicação pode evitar reações precipitadasFoto: Nélio dos Santos

Na sequência, o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, deixou recados às duas partes, numa mensagem publicada na sua página pessoal na rede social Facebook, sublinhando a importância da boa comunicação das decisões políticas ao mesmo tempo que alertava para os riscos das reações precipitadas. 

"Há medidas que, anunciadas descuidadamente ou sem uma boa comunicação, surgem como sem sentido ou inadequadas de todo. Explicadas, contextualizadas, pela via de uma eficiente comunicação, podem reaparecer como aceitáveis ou razoáveis", escreveu Jorge Carlos Fonseca, sem mencionar nomes nem o assunto.

"Do mesmo modo, há reações que, num primeiro momento, suscitam a adesão pronta, emocionada e entusiástica de muitos; porém, num momento outro de mais reflexão, correm o risco de se traduzir numa envernizada e inconsistente imprudência ou precipitação", acrescentou.

Diversas reações

O assunto continua, no entanto, a marcar a ordem do dia com reações e comentários de partidos políticos, analistas e cidadãos anónimos.

O analista político e diplomata jubilado Corsino Tolentino entende que a decisão devia ser precedida de uma "discussão com a sociedade", considerando que "tomar medidas desse alcance político, financeiro e cultural, sem discutir, não lembraria ao diabo".

"É uma maneira brincalhona, mas grave de mexer com as relações internacionais e a economia do país", disse.

Por seu lado, o secretário-geral do Movimento para a Democracia (MpD, no poder), Miguel Monteiro, considerou a medida uma "boa decisão", sustentando que países como São Tomé e Príncipe, Marrocos ou África do Sul tomaram medidas semelhantes e que há 58 países que permitem que os cidadãos portugueses entrem sem necessitarem de vistos.

"Isto demonstra que há uma tendência a nível mundial", enfatizou.

Nas redes sociais, os comentários dividem-se entre os que veem na medida vantagens para a economia cabo-verdiana e os que a entendem como um ataque à soberania do país e até mesmo uma forma de novo colonialismo.

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