1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Violência ensombra sufrágio na República Democrática do Congo

28 de novembro de 2011

Atrasos na abertura das mesas de voto e materiais que não chegaram, levantam dúvidas sobre a legitimidade das eleições na RDC. Uma ida às urnas marcada pela violência que fez pelo menos nove mortos.

https://p.dw.com/p/13IgK
O presidente da RDC, Joseph Kabila acena aos apoiantes em Kinshasa
O presidente da RDC, Joseph Kabila acena aos apoiantes em KinshasaFoto: dapd

Quatro assembleias de voto foram atacadas esta segunda feira (28.11) no sul da República Democrática do Congo, onde 32 milhões de eleitores foram chamados às urnas para eleger 500 deputados e para o segundo escrutínio presidencial desde a sangrenta guerra civil, de 1998 a 2003, que provocou mais de cinco milhões de mortos, a maioria vítimas de fome ou doença, e que deu origem a outros conflitos que ainda se arrastam no Leste do país.

Registam-se já nove mortos e várias mesas de voto foram afetadas por dificuldades logísticas. Apesar da ajuda internacional, nomeadamente de Angola e da Àfrica do Sul, o mau tempo dos últimos dias impediu que helicópteros e aviões levassem os boletins de voto até às 60 mil assembleias de voto, o que fez com que um pouco por todo o país assembleias de voto não abrissem por não disporem de boletins de voto ou de tinta indelével. A capital do país, Kinshasa, foi palco de violentos confrontos entre apoiantes dos diferentes candidatos.

O dirigente da oposição Etienne Tshisekedi, foi impedido de se deslocar à assembleia de voto por forças da polícia. Segundo a France Press o principal opositor ao presidente cessante Laurent Kabila, acompanhado de milhares de apoiantes, foi forçado a retroceder na estrada que liga o aeroporto à capital Kinshasa devido um bloqueio da estrada por carros da polícia e veículos blindados. Algumas horas depois, Tshisekedi pode votar numa outra assembleia.

Eleitores protestam numa mesa de voto contra o atraso na abertura
Eleitores protestam numa mesa de voto contra o atraso na aberturaFoto: AP

Kabila favorito à sua própria sucessão

Observadores afirmam que embora o balanço do seu mandato seja exíguo, o presidente Joseph Kabila, é favorito à sua própria sucessão face à uma oposição muito dividida. Kabila, concorre juntamente com 10 outros candidatos ao cargo de Presidente do país enquanto 18.500 outros candidatos disputam os 500 lugares do Parlamento.

Os confrontos que antecederam o sufrágio fazem temer um regresso da violência após as eleições. O que levou a União Africana (UA) a apelar ao máximo de contenção na República Democrática do Congo (RDC) durante e após as eleições presidenciais e legislativas desta segunda-feira (28.11).

Também o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu sensatez a todos os dirigentes políticos e eleitores, mas sublinhou que “é ao Governo que cabe a responsabilidade de assegurar que as eleições decorram num ambiente de segurança”. “Estas eleições são cruciais para o progresso do país no caminho da estabilidade e do desenvolvimento”, sublinhou Ban Ki-moon. Na RDC a ONU tem estacionada uma das suas mais importantes missões de paz (Monusco).

A grande incógnita deste sufrágio é a de saber como como reagirá Tshisekedi a eventual uma derrota. Há poucos dias Tshisekedi ameaçou convocar antigos combatentes se o Governo não libertasse os seus apoiantes que foram detidos.

Autor: António Rocha / Helena Ferro de Gouveia
Edição: Nádia Issufo