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Vacina contra cólera chega a Pemba

12 de maio de 2019

Doses da vacina foram entregues às autoridades de Cabo Delgado, este domingo (12.05). Distritos de Metuge, Mecúfi e Pemba serão priorizados. Vacinação começa a 16 de maio. Imunização de muçulmanos respeitará o Ramadão.

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Mosambik Cholera Prävention am Flughafen in Pemba
Foto: DW/D. Anacleto

Semanas após o início do surto  da doença na região, uma quantidade de doses da vacina contra a cólera chegou na tarde deste domingo (12.05) à cidade de Pemba, capital da província moçambicana de Cabo Delgado. São vacinas que se destinam às populações dos distritos de Metuge, Mecúfi e Pemba, os dois últimos com registo de mais de 150 casos cumulativos da doença, como consequência da passagem do ciclone Kenneth na região.

Até o momento, as autoridades afirmam não se ter registado nenhum óbito em consequência do surto de cólera.

A vacinação terá início no próximo dia 16, irá durar cinco dias e abranger 285 mil habitantes dos três distritos.

Ussene Isse
Foto: DW/D. Anacleto

A campanha de vacinação contra a cólera observará uma abordagem mista, o que quer dizer que para a cidade de Pemba e o distrito de Mecúfi irão funcionar pontos fixos e brigadas móveis. E para o distrito de Metuge, onde apenas duas localidades beneficiarão da vacina, o processo será porta-a-porta.

Entretanto, a prontidão para responder a uma eventual eclosão da cólera, ocorre em todos os distritos, conforme disse há dias Ussene Isse, diretor nacional da Assistência Médica no Ministério da Saúde (MISAU).

No restante dos distritos não abrangidos pela campanha de vacinação, para além de mensagens educativas sobre a necessidade de redobrar as medidas de higiene e saneamento do meio, feitas através de brigadas móveis, está igualmente em curso a distribuição de purificadores de água.

Mosambik - Cholera-Behandlungszentrum in Pemba
Paciente dá entrada no Centro de Tratamento de Cólera, em PembaFoto: DW/D. Anaclero

Uso oral

A vacina a ser administrada em Cabo Delgado, já foi utilizada em Sofala, onde mostrou eficácia para fazer face à eclosão da cólera registada logo após o ciclone tropical Idai fustigar também as províncias da Zambézia, Manica e Tete. 

Eduardo Samo Gudo, diretor-geral adjunto do Instituto Nacional da Saúde no MISAU, explica como será ministrada.

"É uma vacina de toma oral em duas doses. Significa que cada indivíduo destes locais que serão beneficiados irá receber duas doses - a primeira será administrada no dia 16, que é o dia do lançamento, e a segunda será administrada num espaço de três meses," disse.

A vacina contra a cólera a ser administrada a partir desta semana, tem a capacidade de proteger as populações durante cinco anos e os indivíduos vacinados servirão de escudo que bloqueia o ciclo de transmissão da bactéria que provoca a cólera, conforme pontuou Samo Gudo.

"Esta vacina induz uma imunidade gastrointestinal sete dias após à sua ingestão. Os indivíduos vacinados não só não adquirem a infeção, eles também não transmitem e, mais do que isso, esta vacina elimina aquilo que chamamos de portadores assintomáticos - que são um problema à saúde pública porque mantêm a bactéria em circulação," acrescentou.

Mosambik, Cabo Delgado: Betene Muslime
Muçulmanos durante culto em Cabo DelgadoFoto: Borges Nhamire

Respeito ao Ramadão

Porque a vacina é oral, as autoridades de Cabo Delgado mantiveram esta manhã um encontro com a comunidade muçulmana de Pemba, que se encontra a observar o jejum por ocasião do Ramadão, com o objetivo de encontrar a fórmula adequada para abranger também este grupo religioso. 

No encontro, foi acordado que para os crentes muçulmanos a vacina será administrada nas respetivas mesquitas, logo após a quebra do jejum.

"A vacina será para todos, a partir de um ano de idade. Portanto, é uma vacina adequada para todas as pessoas maiores de um ano, com exceção daquelas que estejam em casos de doenças graves," afirmou Benilde Soares do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Mosambik Cholera Prävention am Flughafen in Pemba
Passageiros lavam as mãos, no Aeroporto Internacional de PembaFoto: DW

Continuar a prevenção

A UNICEF foi a entidade encarregada no aprovisionamento e logística da vacina até Moçambique e recomenda às populações que continuem a acatar as recomendações de prevenção da cólera difundidas pelas autoridades da Saúde, no sentido de garantir que o combate à epidemia tenha os efeitos desejados.

"A cólera não se resolve apenas com a vacina. A vacina ajuda sim, mas é fundamental o cumprimento de outras medidas de precaução, como beber uma água segura, lavar as mãos," explicou.

Com a conjugação de esforços da vacina e dos cuidados de higiene, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, espera ver uma redução nos casos de cólera, tal como aconteceu nas províncias de Sofala e Manica.

Desde a eclosão da cólera na província de Cabo Delgado, várias medidas têm sido levadas a cabo pelo setor da Saúde e parceiros, das quais destacam-se - a distribuição massiva de purificadores de água nos centros de saúde, brigadas móveis que se deslocam às residências e a lavagem de mãos e dos pés nos pontos de entrada e saída da província, com destaque para o Aeroporto Internacional de Pemba.