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União Africana suspende Mali após segundo golpe militar

Lusa
2 de junho de 2021

Depois da CEDEAO, também a União Africana (UA) anunciou, na terça-feira (01.06) à noite, a decisão de suspender da organização o Mali, que em maio foi palco de um segundo golpe militar em nove meses.

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Foto: Nicolas Remene/Le Pictorium/MAXPPP/dpa/picture alliance

A UA decidiu "suspender imediatamente a República do Mali de participar em todas as atividades da União Africana, órgãos e instituições, até que a ordem constitucional normal seja restabelecida no país", disse o Conselho de Paz e Segurança (CPS) da organização numa declaração, de acordo com a agência de notícias France-Presse.  

A UA apelou aos militares malianos para que "regressem urgente e incondicionalmente aos quartéis e se abstenham de qualquer interferência futura no processo político no Mali". 

A organização pediu ainda o estabelecimento de condições para o regresso a uma "transição democrática sem entraves, transparente e rápida".

"Caso contrário, o Conselho não hesitará em impor sanções específicas e outras medidas punitivas" contra os que impedem a transição, acrescentou o texto. 

A decisão da UA segue-se por alguns dias à da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que também anunciou a suspensão do Mali das suas instituições. 

Dois golpes em nove meses

O país do Sahel experimentou dois golpes de Estado em nove meses. Em 18 de agosto de 2020, o Presidente Ibrahim Boubacar Keita, conhecido como "IBK", acusado de corrupção, foi derrubado por um golpe militar, depois de vários meses de protestos antigovernamentais.

Mali Oberst Assimi Goita, neuer Übergangspräsident
Coronel Assimi GoitaFoto: AP Photo/picture alliance

A UA suspendeu então o Mali. Mas a organização continental levantou esta decisão no início de outubro, depois de a junta se ter comprometido a uma transição para um Governo civil no prazo de 18 meses. 

Em 15 de abril de 2021, as autoridades de transição fixaram datas, em fevereiro e março de 2022, para a realização das eleições presidenciais e legislativas. Mas em maio, os militares, insatisfeitos com uma recomposição do Governo decidida na sequência de protestos crescentes, detiveram o Presidente, Bah Ndaw, e o primeiro-ministro, Moctar Ouane.

Figura chave na atual crise política

O Tribunal Constitucional declarou então o coronel Assimi Goita, uma figura chave na atual crise política, chefe de Estado e Presidente de transição. Os militares garantiram que as eleições previstas vão decorrer em  2022.

No comunicado, a UA pede que nenhum dos actuais líderes se candidate às próximas eleições e pede o levantamento das "restrições" a todos os atores políticos, incluindo a Ndaw e a Ouane, atualmente sob prisão domiciliária.  A organização indicou também a realização de uma missão de avaliação no Mali, em breve.

Desde a independência de França, em 1960, o Mali foi palco de vários golpes de Estado, resultantes de motins por militares em 1968, 1991, 2012 e 2020. 

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