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Criminalidade

Uganda e Quénia unidos no combate ao tráfico humano

Alex Gitta (Kampala) | rl
14 de agosto de 2018

Só na África Oriental, estima-se que, todos os dias, cerca de 50 pessoas atravessam as fronteiras pela mão de traficantes que as aliciam com promessas de trabalho falsas. Uganda e Quénia intensificam controlo.

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Foto de arquivo (2017): Migrantes de regresso ao Níger após tentativa falhada de chegar à EuropaFoto: Getty Images/AFP/I. Sanogo

O Uganda e o Quénia estão a unir esforços para travar o lucrativo negócio do tráfico humano, especialmente para os países do Médio Oriente, como os Emirados Árabes Unidos, Omã e a Arábia Saudita. Por dia, estima-se que 50 pessoas atravessam as fronteiras na África Oriental, aliciadas com promessas de trabalho rentáveis.

Mas a viagem acaba por não ter um final feliz. As vítimas são muitas vezes recrutadas por agentes falsos que as vendem para trabalhar como prostitutas ou empregadas domésticas.

Uma das muitas vítimas do tráfico humano em Omã conseguiu gravar um vídeo em que pede ajuda, através de um telemóvel emprestado. Explica que o seu telemóvel e passaporte foram confiscados para que não entrasse em contacto com ninguém e pede ajuda para sair dali. Como em tantos outros casos, esta mulher pensou que iria para Omã trabalhar numa loja, mas, à chegada, percebeu que iria ser empregada doméstica. Durante vários meses, trabalhou sem receber nada por isso.

Este não é um caso isolado. A história de Aisha é muito parecida: "Fui para trabalhar como cabeleireira. Cheguei a Omã, e eles disseram-me: ‘certificados de cabeleireiro aparte, vais trabalhar como empregada'. Fiquei chocada".

Os traficantes aproveitam as elevadas taxas de desemprego e pobreza para enganar as suas vítimas. Contam, alegadamente, com a ajuda de agentes de segurança, que conseguem retirar as vítimas do país com facilidade.

Controlo rigoroso

Uganda e Quénia unidos no combate ao tráfico humano

Já estão em curso medidas para combater este crime, diz Moses Babinoga, coordenador da Missão contra o Tráfico Humano no Uganda.

"Queremos trabalhar em conjunto com o Quénia com o objetivo de intercetar esses ugandeses que tentam sair através do Quénia, uma vez que estamos a levar a cabo uma inspeção rigorosa no Aeroporto de Entebbe [no Uganda]", explica.

Segundo Moses Babinoga, a mesma medida será aplicada em todas as áreas fronteiriças, "com todos os países vizinhos, incluindo o Sudão do Sul, o Ruanda e a Tanzânia". O objetivo, acrescenta, é "proteger não só os ugandeses, mas também as pessoas provenientes de países vizinhos e que tentem atravessar o Uganda".

As agências de segurança têm conseguido impedir a passagem de algumas destas pessoas, mas muitas conseguiram chegar aos Emirados Árabes Unidos com documentos falsos.

Algumas raparigas que foram detidas em diferentes aeroportos foram já levadas de volta para o Uganda, diz Daniel Arap Kirui, subcomissário queniano da região ocidental de Bungoma.

 "Devido à cooperação entre os dois países, algumas destas pessoas foram trazidas de volta ao Uganda, outras foram multadas. Os nossos homólogos irão também juntar-se a nós e garantir que juntos vamos combater este problema", assegura.

Regularizar exportação de mão de obra

Ainda que, no Uganda, a exportação de mão de obra seja legal, muitos dos envolvidos neste negócio atuam com intenções de caráter duvidoso e operam fora dos princípios da lei e das diretrizes estabelecidas pelas autoridades.

Assan Kasingye, da Polícia do Uganda, sublinha que falta uma melhor gestão para que o país possa beneficiar da exportação de mão de obra: "Se aproveitarmos isso para benefício próprio, através dos procedimentos adequados, poderemos obter até 5 ou 10 mil milhões de dólares. Países como o Gana beneficiam de facto muito com as pessoas que trabalham fora do país".

Atualmente, o Uganda recebe cerca de mil milhões de dólares por ano de remessas do exterior.