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Ucrânia procura aliados em África

tm | Wendy Bashi
5 de outubro de 2022

Em digressão inédita, ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, diz que "chegou a hora" de explicar as "verdades ucranianas" aos homólogos africanos. Visita é "tática de sedução", afirma analista.

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Dmytro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia
Dmytro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros da UcrâniaFoto: Lev Radin/Pacific Press/picture alliance

Esta semana, ao iniciar o périplo africano de 10 dias, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, disse que o seu grande objetivo é tentar "explicar melhor a Ucrânia".

"A narrativa russa tem estado muito presente em África", mas "chegou a hora das verdades ucranianas", disse Kuleba aos jornalistas na capital senegalesa, Dakar.

Esta é uma visita histórica. É a primeira viagem de um ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano a países africanos. Tem lugar numa altura em que a influência russa aumenta em África.

"Creio que esta visita é uma procura por simpatia, uma procura de aliados, para explicar a reação da Ucrânia contra a Rússia", comenta Bley Hyacinthe, analista político da Universidade de Abidjan.

A primeira paragem no Senegal é simbólica, acrescenta Hyacinthe em declarações ao serviço da DW em francês. "O Senegal detém atualmente a presidência da União Africana e é a porta de entrada para África".

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Continente africano depende da importação de cereais da Ucrânia e da RússiaFoto: Gudella/YAY Images/IMAGO

Armas e cereais

Muitos países africanos dependem fortemente das importações de cereais da Rússia e da Ucrânia.

Na sua primeira conferência de imprensa no continente, Dmytro Kuleba prometeu que a Ucrânia fará o possível para "continuar a exportar cereais ucranianos para África e para o mundo em busca de alimentos com segurança''.

No entanto, a nível de fornecimento militar, a balança pende para a Rússia, que continua a ser o maior fornecedor de armas do continente africano. Além disso, muitos países estimam os fortes laços históricos que os unem a Moscovo - a antiga União Soviética ajudou-os nas suas lutas de libertação.

"Recordemos que, nas Nações Unidas, África absteve-se de condenar a Rússia", afirma Bley Hyacinthe.

Mas a Rússia não é a União Soviética socialista - a riqueza do país está concentrada num pequeno grupo de oligarcas. E a Ucrânia também é um antigo Estado soviético, que está a ser alvo de uma invasão.

A visita de Kuleba faz parte de "ofensiva diplomática" para explicar isso mesmo, entende Hyacinthe. "É preciso explicar que a Rússia está a abusar das suas prerrogativas ao querer anexar a Ucrânia, que está apenas a defender-se."

"Táticas de sedução"

Sendo assim, África parece estar no centro das "táticas de sedução" diplomática, tanto de Kiev como de Moscovo.

Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia
Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da RússiaFoto: BRENDAN MCDERMID/REUTERS

Ainda esta semana, o ministro dos Negócios estrangeiros russo, Sergei Lavrov, acusou o Ocidente de "intimidar" os países em desenvolvimento, sobretudo em África, para não apoiarem a Rússia. Mas Lavrov disse confiar que a verdade "encontrará o seu caminho".

"Quer o Ocidente queira, quer não, é um cenário ditado pela própria vida. Quaisquer outros apelos, confrontações e mobilização de forças antirussas, ameaças, chantagem, tudo isto é contra a história e será esquecido. A vontade do povo permanecerá para sempre", disse Lavrov.

A visita a África do ministro ucraniano Dmytro Kuleba ocorre apenas dois meses depois de uma viagem semelhante do homólogo russo, Sergei Lavrov.

Mais de 6.100 civis foram mortos na Ucrânia desde o início do conflito, a 24 de fevereiro. Moscovo e Kiev rejeitam negociações de paz. Esta quarta-feira (05.10), a Rússia oficializou a anexação de quatro regiões ucranianas.

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