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Togo vai a votos com boicote da oposição

Daniel Pelz | nn
20 de dezembro de 2018

O Togo vai a votos esta quinta-feira para escolher o próximo Parlamento do país. Coligação de 14 partidos da oposição prometeu boicotar a "farsa" eleitoral. Temem-se episódios de violência.

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Manifestante detido pela polícia durante protesto em abril de 2018Foto: DW/A. Kriesch

Um chorrilho de ameaças a circular no WhatsApp está a ameaçar a estabilidade das eleições legislativas desta quinta-feira (20.12) no Togo. As mensagens têm como destinatário os abstencionistas.

"Há uma tensão enorme em toda a população", comenta Hanza Diman, um especialista da Universidade de Bayreuth, na Alemanha.

Os autores das mensagens ameaçadoras não são conhecidos. O Governo pede que a população permaneça calma e vote. Segundo os correspondentes da DW no país, há militares espalhados pelas ruas. De acordo com as autoridades, mais de 8.000 polícias vão patrulhar as cidades togolesas nos próximos dias para garantir a ordem pública.

O medo de uma escalada de violência é grande. Durante a campanha eleitoral, quatro pessoas morreram em confrontos entre manifestantes anti-governo e forças de segurança.

Togos Präsident Faure Gnassingbe
A família do Presidente Gnassingbé governa o Togo há cinco décadasFoto: picture alliance/Xinhua News Agency/Li Xueren

Boicote: os dois lados da moeda

Uma coligação de 14 partidos da oposição, chamada C14, vai boicotar o pleito. Segundo declarações da coordenadora do movimento, Brigitte Abjamagbo-Johnson, a uma rádio local, as eleições não passam de "uma farsa".

Já Paul Melly, especialista em África Ocidental no instituto de pesquisa britânico Chatham House, diz que o boicote pode prejudicar a própria oposição. "É quase certo que o Governo conquistará uma grande e confortável maioria e que terá votos suficientes para implementar as reformas nos termos que achar apropriados. Se a oposição considerar essas reformas ilegítimas, a crise política continuará sem solução."

A maioria dos 850 candidatos que competem por 91 assentos no Parlamento pertence ao partido no poder, o UNIR (União pela República).

Togo vai a votos com boicote da oposição

O Togo está em crise desde 2017, quando vários partidos convocaram protestos em massa contra o chefe de Estado, Faure Gnassingbé. Pelo menos 20 pessoas morreram.

A família Gnassingbé governa o país há mais de 50 anos com mão de ferro. Gnassingbé Eyadéma foi chefe de Estado durante décadas e, após a sua morte em 2005, o filho sucedeu-lhe. A oposição culpa o chefe de Estado pela pobreza e corrupção no país. Os partidos da resistência pedem uma emenda constitucional para que Gnassingbé não possa continuar a desempenhar o cargo.

Do outro lado, o Governo propõe novas reformas: sugere, por exemplo, que futuros presidentes governem no máximo por dois mandatos. No entanto, a regra não se aplica a Gnassingbé.

A continuação da crise política no Togo pode ter consequências terríveis, como comenta Paul Melly: "se a situação continuar, será difícil para os investidores estrangeiros. Se se quiser fazer um grande investimento, especialmente no interior pobre do Togo, tem de se garantir um ambiente político estável e pacífico."

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