1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Taxistas em Angola: Onde está o desconto da gasolina?

5 de junho de 2023

A gasolina está mais cara em Angola. Mas taxistas e mototaxistas queixam-se que a promessa do Governo, de que teriam descontos, não está a ser cumprida.

https://p.dw.com/p/4SDcx
Preço da gasolina aumentou para 300 kwanzas/litro (0,48 euros)Foto: Borralho Ndomba/DW

Abastecer o depósito de um automóvel ou de uma motorizada está mais caro desde sexta-feira passada. Com a retirada gradual dos subsídios aos combustíveis, a gasolina passou a custar o dobro. Em vez dos anteriores 160 kwanzas, os angolanos passaram a pagar 300 kwanzas por litro (cerca de 50 cêntimos de euro).

O Governo disse que as tarifas para os taxistas continuariam a ser subvencionadas e prometeu distribuir cartões que possibilitarão aos transportadores pagar o preço antigo da gasolina. Mas, até agora, os cartões só foram distribuídos em Luanda e não chegaram sequer a mil beneficiários.

O mototaxista André Manuel diz que ainda não tem cartão. Continua a pagar a gasolina ao mesmo preço dos outros cidadãos.

Foto de arquivo - Huambo, Angola
Transportadores dizem que o aumento do preço da gasolina torna a atividade incomportávelFoto: J. Adalberto/DW

"Gastamos muito combustível com o trabalho que fazemos e ficamos com menos dinheiro. Com o combustível a subir, vamos ficar sem rendimento", lamenta em declarações à DW África.

"Com 500 kwanzas, teríamos três litros de combustível e conseguiríamos trabalhar normalmente. Agora esses três litros passaram a ser 900 kwanzas", acrescenta André Manuel.

Tumultos no Huambo

É uma subida repentina do preço da gasolina que pesa no bolso dos taxistas e mototaxistas. Foi por isso que estes profissionais foram hoje para a rua protestar, na cidade do Huambo.

As principais vias da cidade ficaram intransitáveis, foram montadas barricadas e houve queima de pneus, de acordo com as imagens que circulam nas redes sociais.

A polícia dispersou a manifestação.

Segundo o porta-voz da corporação naquela região, o intendente Martinho Kavita, os distúrbios começaram cedo, ainda não eram 7 da manhã.

"O que se realizou aqui não é uma manifestação. Foi uma arruaça", afirmou Kavita. "A forma como respondiam às forças da ordem obrigou [ao destacamento] da Unidade de Reação e Patrulhamento (URP) e da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), para repor a ordem e a segurança pública".

Há relatos de seis mortes em consequência da repressão policial. Em declarações à Rádio Ecclésia, Martinho Kavita disse desconhecer esses números.

"Os órgãos de polícia não têm confirmação de mortes. Eventualmente há feridos. Neste momento, não podemos trazer dados, ainda estamos no terreno, do mesmo jeito que não podemos trazer a público quantos bens públicos e privados foram vandalizados."

Reflexões Africanas: Zungueiras, mulheres inspiradoras

À espera do desconto

Na capital angolana, Luanda, a situação está calma. Os operadores de táxis continuam à espera da distribuição dos cartões que darão acesso ao desconto na compra da gasolina.

Os cartões só serão atribuídos a quem tiver licença de atividade.

Com a subida do preço da gasolina, Mateus Neto, um popular de Luanda, augura mais sofrimento para as famílias: "Nós que dependemos dos táxis vamos sofrer. O Governo só quer saber de si. Do povo não quer saber", comenta.

Muitos taxistas começaram a encurtar as rotas nesta segunda-feira, porque continuam a pagar a gasolina a 300 kwanzas por litro. E há várias denúncias de especulação de preços.