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SociedadeSão Tomé e Príncipe

São Tomé e Príncipe: Os receios de doenças depois das cheias

11 de janeiro de 2022

Cheias em São Tomé e Príncipe privaram 18 mil habitantes do acesso a água potável, na região de Lembá. Populares procuram, entretanto, alternativas – mas as autoridades alertam para a probabilidade de doenças diarreicas.

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Luta pelo acesso a água em Lembá, depois das cheiasFoto: Ramusel Graça/DW

No distrito de Lembá, em São Tomé e Príncipe (STP), a luta pela sobrevivência gira em torno da água potável. As fortes chuvas e as enxurradas do passado 28 de dezembro destruíram o Centro de Captação e Tratamento de Água, que abastecia 18 mil habitantes da região de Lembá.

Edumeu Lima é vereador para área social da autarquia de Lembá e diz que, neste momento, há uma luta contra o tempo para retomar o abastecimento de água. As aulas já deviam ter recomeçado, na segunda-feira (10.01), mas sem água potável é impossível.

"A água é um líquido básico da sustentabilidade humana e Lembá ainda vive sem água. Não sabemos como é que se pretende o início das aulas com a situação de falta de água e com os problemas de doenças hídricas", lembra o vereador. "Nós defendemos que não se deve iniciar as aulas até que se resolva o problema", acrescenta.

Luta pelo líquido precioso

Depois das enxurradas há agora uma tragédia humana, diz a freira Lúcia, responsável pelo centro de desenvolvimento integrado de Neves, um projeto da igreja católica que cuida de crianças, jovens raparigas e idosos.

Schwere Regenfälle treffen Sao Tome und Príncipe
Centro de Captação e Tratamento de Água ficou inoperacional na sequência das cheiasFoto: Ramusel Graça/DW

"Sentimo-nos sem capacidade para resolver certas situações. Temos creche, temos bebés de três meses até um ano, temos 70 bebés. Se vai abrir a creche, que água damos para beber e tomar banho? Os idosos estão a sofrer, sobretudo os da Vila de Santa Catarina. Temos lá 35 idosos. E agora não conseguimos levar-lhes comida. Estamos a tentar levar cabazes três vezes por semana", lamentou. 

A administração da cervejeira Rosema, localizada no centro da cidade de Neves decidiu fornecer água da unidade fabril à população.

Mas a luta pelo balde de água começa muito cedo, segundo populares. Há longas filas de espera. "Eu estou cá desde as cinco da manhã, porque venho à procura de água. Temos que levantar cedo para encontrar água", conta um residente.

E outro morador pede: "Nós queremos água na zona. Apanhamos água no rio, mas só tem água suja". 

A água do rio Provás, que atravessa a cidade de Neves, continua a ser a única alternativa para a maioria da população. Porém, teme-se que os residentes possam contrair doenças diarreicas devido ao consumo de água contaminada.

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Um dos desafios das autoridades é restaurar as infraestruturas destruídas pelas cheiasFoto: Ramusel Graça/DW

Riscos para a saúde

O ministro da Saúde, Edgar Neves, aconselha os populares a tratarem a água, antes de consumirem: "Seja ela fervida, seja com substâncias químicas para melhorar a qualidade de água. Com métodos físicos de filtragem. Há probabilidade do aumento de doenças hídricas e dermatológicas. Por isso, as nossas equipas locais estão a fazer o trabalho de acompanhamento".

Em Lembá ainda existem comunidades agrícolas isoladas. No último fim de semana, as forças de segurança e os agentes de proteção social iniciaram a distribuir uma cesta básica aos sobreviventes das zonas atingidas.

Não se prevê um regresso à normalidade para breve. Será preciso tempo e dinheiro para recuperar todos os estragos.

Só a reconstrução das estradas e pontes deverá custar 12 milhões euros ao país, segundo Osvaldo Abreu, ministro das Infraestruturas e Recursos Naturais.

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"É uma estimativa preliminar, mas nós acreditamos que vai para além desta estimativa. A terra, depois de tanta água, está frágil e continua a desabar", diz.

 

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