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Sul-africanos chocados com crimes de canibalismo

Thuso Khumalo | AFP | ac
29 de setembro de 2017

Sete homens acusados de canibalismo foram presentes a tribunal na quinta-feira (28.09). A investigação começou depois de um homem se ter apresentado na polícia, dizendo que estava cansado de comer carne humana.

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Sul-africanos nas imediações do Tribunal de Estcourt, onde foram presentes os suspeitos de canibalismoFoto: picture-alliance/AP Photo

"É um caso muito complexo e está em curso mais investigação", afirmou Natasha Ramkisson, porta-voz da Procuradoria-Geral da República à Agência France Press.

Os acusados, todos na casa dos 30 anos, são acusados de homicídio, conspiração de homicídio e posse de partes do corpo humano. Um dos acusados é alegadamente um curandeiro. Foram presentes ao tribunal de Estcourt, na província de KwaZulu-Natal, leste do país, esta quinta-feira (29.09).

Segundo o site de notícias sul-africano Times Live, a advogada de defesa Thandeka Hadebe disse que um dos homens se declarou culpado dos crimes.

Os réus tinham sido detidos separadamente, um deles entregara-se voluntariamente à polícia, a 18 de agosto, dizendo que estava cansado de comer carne humana. A declaração conduziu a polícia a uma casa, onde terá encontrado outras partes de corpo humano.

Na África do Sul ainda não existe lei específica que proíba a prática de canibalismo. Mas a mutilação de corpos e a posse de tecidos humanos são crimes.

Os sete homens detidos e apresentados à justiça na província de KwaZulu-Natal continuam em prisão preventiva. O processo deverá prosseguir no dia 12 de outubro.

Sul-africanos estão em choque

Chocados e frustrados com os casos de canibalismo que vieram a público nos últimos meses, centenas de cidadãos manifestaram-se em frente ao tribunal de Estcourt, na província de KwaZulu-Natal. Exigiam pesadas penas para os réus, acusados de terem sequestrado sobretudo mulheres, antes de as matarem e devorarem os seus corpos.

29.09. Canibalismo África do Sul - MP3-Mono

"Ultimamente ouvimos dizer que há curandeiros tradicionais que propõem aos seus pacientes terapias esquisitas. Pedem, por exemplo, o crânio ou a mão de uma determinada pessoa. Alguns especificam dizendo, por exemplo, que querem a mão de um indiano. Não sei que tipo de cultura está por trás destas coisas, mas esse tipo de coisas acontece cada vez mais frequentemente", afirma Ray Shabala, um jovem com pouco mais de 20 anos.

Prince Dwayz, outro sul-africano de Joanesburgo, entende que o canibalismo não deveria ser tolerado de maneira nenhuma. "Penso que é como assassinar uma pessoa. Quem tem práticas assim deveria ir para a prisão e nada mais. Não é normal. Há quem alegue que essas práticas, por vezes, são feitas com o consentimento da vítima, mas mesmo assim deveria ser severamente punido", considera o sul-africano.

Sibonakele Nene, estudante na universidade de Witwatersrand é de opinião que este tipo de acontecimentos é suscetível de espalhar clichés sobre o continente africano.

"Não acredito que este fenómeno seja restrito à África do Sul. Existe canibalismo um pouco por todo o mundo. Temos que ter cuidado com todo o tipo de histeria que possa surgir à volta destes casos. Tipo: voltou a acontecer em África; os africanos andam a comer-se uns aos outros. Não. Eu quando passeio pela estrada não tenho medo de ser comido por ninguém!", afirma Nene, para quem estes casos não passam de episódios isolados. O estudante defende que deveria ser feito tudo para impedir a proliferacão de estereótipos.