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Startup moçambicana revoluciona recolha do lixo em Maputo

Vanessa Raminhos14 de abril de 2016

A empresa UX, que utiliza a tecnologia para melhorar as condições de vida dos moçambicanos, venceu a Global Innovation Competition 2016. Com o prémio, quer implementar uma plataforma para recolher lixo na capital.

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Frederico Silva e Tiago Borges Coelho, fundadores da UX, na Global Innovation Competition, em Accra, no GanaFoto: UX

A startup moçambicana UX está a colocar o país no mapa das tecnologias de informação e comunicação. Depois de terem permitido aos moçambicanos ter acesso às várias oportunidades de emprego no país, Frederico Silva e Tiago Borges Coelho, fundadores da empresa, foram até Accra, no Gana, apresentar um novo projeto.

Competindo ao lado de mais de 300 ideias de todo o mundo, os moçambicanos levaram até à capital ganesa o MOPA, um projeto que promete melhorar a recolha do lixo em Maputo.

De acordo com dados do Banco Mundial, a capital moçambicana tem cerca de 1,2 milhões de habitantes, que produzem mais de 1000 toneladas de lixo diariamente, mas a sua recolha ainda apresenta várias falhas.

Desafiados por esta instituição internacional para encontrarem uma solução que envolvesse os cidadãos, o Governo e as empresas na recolha do lixo na capital, os fundadores da UX avançaram com um projeto piloto em quatro bairros de Maputo, que apresentaram na competição.

Com este prémio, o objetivo será implementar e alargar esta plataforma a toda a capital. "O projeto com o qual participámos, que é o MOPA, é um projeto de gestão de lixo nas zonas peri-urbanas, que visa promover a melhoria da qualidade de vida a partir do envolvimento dos cidadãos nessas mesmas zonas”, explica Frederico Silva. "O financiamento que iremos obter a partir da competição terá a sua devida importância para a cidade de Maputo, numa fase inicial, e vai-nos permitir abranger outros bairros aqui da cidade".

A edição deste ano da competição destinava-se a encontrar formas de desenvolver sistemas de informação e comunicação que suportem os Governos nas suas atividades.

Para Tiago Borges Coelho, este projeto mostra como é possível ligar cidadãos, empresas privadas e Governo. "O nosso projeto mostra como, criando um consórcio que inclui uma insituição governamental, neste caso, o Conselho Municipal de Maputo, uma instituição privada de tecnologias, que é o caso da nossa empresa, e grupos da sociedade civil, estes projetos de ICT com o Governo têm pernas para andar", afirma. "Isto [o problema do lixo] é um problema que é comum às várias cidades do nosso continente e falou-se sobre a possibilidade de, se este projeto for bem sucedido aqui em Maputo, haver o potencial de ser transformado num projeto pan-africano”.

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Foto: DW/A. Dluzak

Através do MOPA - ou Monitoria Participativa Maputo - o cidadão pode reportar os problemas relacionados com lixo no seu bairro, diretamente ao Conselho Municipal, que dará seguimento à situação.

"O cidadão pode recorrer a três tecnologias diferentes para reportar os problemas relacionados com o lixo, que identifica no seu bairro”, explica Frederico. "A partir deste relatório, a informação é enviada para o Conselho Municipal e para a entidade responsável e é tornada pública. Quando o problema é resolvido, o Conselho Municipal tem autonomia para alterar o status do problema".

Isto permite acabar com o problema que o município enfrenta atualmente de não conseguir monitorizar a recolha do lixo.

Tecnologia para melhorar a vida das pessoas

Esta não é a primeira vez que a UX apresenta um projeto para melhorar a vida dos cidadãos moçambicanos. Há quatro anos, apresentaram a Plataforma Emprego, com o objetivo de levar as oportunidades de trabalho ao maior número de moçambicanos possível. Uma plataforma que vai chegar, em maio, ao mercado angolano.

Para democratizar ainda mais o acesso a oportunidades de trabalho, e tendo em conta o grande impacto que o mercado de trabalho informal tem em Moçambique, irão lançar ainda o Biscate, que permite o acesso a oportunidades de trabalho informais no país, mesmo sem acesso à internet.

O processo é muito simples e pode ser feito mesmo sem ter um smartphone. Através da tencologia USSD (Serviço Complementar de Dados Não Estruturados, também utilizada no MOPA) e da internet, qualquer trabalhador pode usar o seu telemóvel para colocar o seu perfil numa base de dados, disponível online.

"Um canalizador, um eletricista ou um carpinteiro usa o seu telemóvel para se registar na plataforma a partir de USSD. Tem um código, o *777#, e, a partir desse código, tem de responder a questões relacionadas com o seu nome, a sua profissão, com o local onde trabalha e também com a experiência", explica Frederico Silva.

O utilizador usa estes menus para criar uma espécie de perfil digital. "As pessoas que querem usufruir do seu trabalho podem fazer download do aplicativo do Biscate ou então ir ao website do Biscate e, a partir daí, podem procurar a profissão que pretendem e o local onde precisam que o trabalho seja feito", diz Tiago Borges Coelho.

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Qualquer pessoa que usufrua destes serviços poderá, posteriormente, avaliar o serviço que contratou com base em três parâmetros: preço, tempo e qualidade do trabalho.

Uma solução que pretende aproximar os trabalhadores informais - cerca de 95% da população ativa em Moçambique - das pessoas que pretendem contratar os seus serviços, sobretudo das classes média e média alta.