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Somália espera mais ataques terroristas

Mil-Homens, Francisca15 de abril de 2013

Militantes somalianos ligados à al Qaeda anunciaram esta segunda-feira (15.04) a possibilidade de novos ataques à capital do país, Mogadíscio, um dia depois de um ataque duplo que vitimou pelo menos 34 pessoas.

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Uma onda coordenada de bombardeamentos e tiroteios expôs a fragilidade da segurança em Mogadíscio, capital da Somália. Pelo menos um carro-bomba e vários suicidas fizeram-se explodir em frente ao Palácio de Justiça de Mogadíscio, no domingo (14.04). Homens armados invadiram o edifício do tribunal, disparando violentamente, enquanto que, duas horas mais tarde, uma viatura armadilhada explodia perto do aeroporto da capital. O Palácio de Justiça era um alvo simbólico do grupo terrorista al Shabaab, que assumiu responsabilidade pelos ataques à capital somaliana.

As tropas da missão de paz da União Africana, (AMISOM) bloquearam as ruas e revistaram casas em toda a cidade na madrugada desta segunda-feira, para expulsar os suspeitos de pertencerem ao grupo radical al Shabaab. Cerca de 400 pessoas foram interpeladas em Mogadíscio durante uma grande ofensiva desencadeada pelas forças de segurança. Centenas de militares e polícias foram colocadas em pontos estratégicos da cidade enquanto barragens foram instaladas nas principais saídas da cidade onde os carros são sistematicamente revistados e os seus passageiros interrogados.

Próximos meses podem trazer mais violência

Para Laura Hammond, especialista em assuntos de desenvolvimento, estes ataques não foram inesperados. "Infelizmente, é expectável que vejamos mais violência a acontecer nos próximos meses", acrescenta a analista, explicando que "o al Shabaab está a mostrar que está mais fraco, mas não está derrotado". Laura Hammond acredita que "os ataques vão continuar", lembrando que "o presidente Hassan Sheikh Mohamud disse que neste ano poderíamos esperar mais ataques"

Tal como o presidente, também Hammond acredita que o país vai "sofrer mais terrorismo, pelo menos mais um ano". "É um caminho sinuoso até à recuperação", conclui.

Os rebeldes somalianos já alertaram o governo para a possibilidade de novos ataques e as autoridades nacionais estão concentradas no reforço da segurança. Laura Hammond lembra que "o presidente anunciou que vão reforçar a linha de actuação de segurança", mas, continua, "infelizmente isso também significa que vai haver muito mais interferências no dia-a-dia dos cidadãos, como estradas bloqueadas, mais suspeitas, mais detenções". A analista espera "que isso não interfira nas liberdades de cada um, que nada têm a ver com os comportamentos do al Shabaab", concluindo que, em Mogadíscio, "se vai viver um clima de maior desconfiança, à procura de mais segurança durante as próximas semanas ou mesmo meses".

Governo tenta maior controlo do país

Após mais de duas décadas de conflitos e anarquia, o país esforça-se para emergir rumo à pacificação. O porta-voz governamental da Somália, Ahmed Adam, garante que a principal missão que o governo tem que travar é garantir a segurança da população.

"O governo está a tentar controlar mais o país, tentando levar a missão para outras zonas, como Kismayo. O governo está a desenvolver os seus esforços não só em Mogadíscio, a capital, mas também noutras cidades", explica.

O nível dos ataques de domingo sugere que os radicais islâmicos al Shabaab permanecem bem organizados e que se conseguem infiltrar com aparente facilidade na cidade de que foram expulsos há dois anos, após terem sido derrotados.