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Sociedade civil moçambicana pede satisfações à CNE

Nuno de Nortonha16 de outubro de 2014

A Liga dos Direitos Humanos e o CIP escreveram uma carta aberta ao Presidente da CNE a pedir explicações das irregularidades nas eleições. Em algumas regiões o clima esteve tenso, porque muitos não conseguiram votar.

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Eleitor com o dedo na tinta indelével nas eleições gerais de 2014 em MoçambiqueFoto: Reuters/Grant Lee Neuenburg

Ainda sem dados oficiais sobre as eleições de quarta-feira (15.10), os moçambicanos estão revoltados com os problemas que enfrentaram para exercer o seu direito de voto.

Teles Ribeiro, investigador do CIP, Centro de Integridade Pública de Moçambique, informa que se registaram vários atrasos na distribuição de material eleitoral, ao contrário do que tinha sido avançado pela CNE, Comissão Nacional de Eleições, que garantiu estar tudo a postos para o sufrágio.

O investigador do CIP lista os problemas do escrutínio: "Tivemos problemas de ordem logística, em primeiro lugar, com várias assembleias que não abriram a hora prevista por causa da falta dos cadernos onde constam os nomes dos eleitores. Nalgumas mesas os eleitores que possuiam cartões e não conseguiam identificar os seus nomes, isto criou vários constrangimentos, tivemos várias pessoas que não puderam votar por estes fatores."

E a lista de Teles é longa: "Tivemos também outros casos ligados à demora na alocação do material eleitoral. Ainda ontem (15.10) havia distritos onde não havia chegado o material para votação, os boletins de votos, as urnas, que não tinham chegado a algumas regiões de alguns distritos."

Violência nos bastiões da oposição

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Em muitos lugares os eleitores foram, em massa, votarFoto: Arcénio Sebastião

Todas estas dificuldades fizeram com que várias pessoas não conseguissem votar, explica o investigador: "Durante o dia de ontem quando houve o encerramento das assembleias de votos havia muitas pessoas revoltadas porque não conseguiram exercer o seu direito de voto, as pessoas foram para votar, mas foram impedidas desse direito."

Segundo o pesquisador independente, os problemas que conduziram à protelação da abertura das assembleias de voto levam a população a duvidar dos resultados eleitorais que ainda serão divulgados: "Em algumas regiões, por exemplo, falo das regiões de Tsangano, em Tete, exatamente o que as pessoas alegavam é que com essa demora as urnas já vinham contendo votos pré-registados."

Porém, ontem (15.10), o clima subiu de tom em algumas regiões do país, sobretudo naquelas em que a oposição ganha por tradição: "tivemos incidentes na província de Tete, onde alegadamente simpatizantes da RENAMO invadiram as assembleias de voto e destruiram os boletins de voto que já estavam lá, abriram as urnas e queimaram os votos."

A região centro foi a mais crítica: "Também tivemos casos de violência em Nampula, Cabo Delgado, tivemos casos na Beira e em Quelimane. Talvez por serem locais em que as pessoas votam na oposição é que criou este clima de tensão."

Violência após o anúncio dos resultados?

Lourenço do Rosário, em declarações à agência de notícias Lusa, teme que qualquer um dos partidos não aceite eventuais frustrações decorrentes dos resultados eleitorais.

Lourenço do Rosário Mosambik
Lourenço do Rosário, reitor do ISPUFoto: DW/J. Carlos

Porém, não acredita que tal degenere em violência: "Acredito que qualquer das partes, se houver uma frustração das suas expetativas, não vão aceitar bem. Agora, até irmos de novo à violência, acho que vai ser difícil."

Numa carta aberta, tornada pública ainda ontem, a Liga dos Direitos Humanos (LDH) e o Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique pediram satisfações a Abdul Carimo, presidente da Comissão Nacional de Eleições a propósito das irregularidades.

Porém Teles Ribeiro, salienta que: "não podemos afirmar categoricamente que possa haver casos de fraude, mas que todo o ambiente e as irregularidades que foram registadas propiciam a que hajam casos de fraude eleitoral."

Nas redes sociais, escreve-se que a Polícia terá reagido com violência e usado gás lacrimogéneo para dispersar a população. Porém, o CIP não confirma que tenha existido repressão policial no país.

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