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Situação difícil das vítimas das cheias em Moçambique

da Silva, Romeu31 de janeiro de 2013

As chuvas continuam a provocar mortes e danos avultados em Moçambique. Também na capital, Maputo, houve quem perdesse a sua casa. A DW África foi descobrir qual é a situação das famílias afetadas.

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Na terça-feira, 15 de janeiro de 2013, choveu a cântaros na cidade de Maputo, durante mais ou menos quatro horas. Foi o suficiente para causar grandes estragos. Até hoje, algumas importantes vias de acesso continuam cortadas. Milhares de famílias também continuam sem abrigos.

As famílias cujas casas foram destruídas pelas intensas chuvas, pedem, sobretudo, ajuda alimentar. As vítimas das enxurradas encontram-se provisoriamente acomodadas em escolas e outros recintos públicos. Queixam-se de más condições em que têm que viver e da demora na atribuição de novos espaços para viver.

As vítimas ficaram sem nada

A escola Secundária Força do Povo algures em Maputo foi um dos locais escolhidos para acomodar mais de 140 vítimas. Todas partilham do mesmo sofrimento. Viram as suas casas a desabar e ficaram sem praticamente nada. É o caso de Dona Otília, que conta como a sua casa desabou e se lembra que procurou desesperadamente pelo socorro da vizinha: "Mas também na casa dela entrava água".

O Sr. Ramos apanhou um susto grande quando viu cair uma árvore ao pé do seu carro, onde estava com os seus filhos: "Por uma grande coincidência, só o carro sofreu", diz aliviado. Bento Manongue também viu a sua casa a desabar. Hoje está no centro de acomodação e diz ser desconfortável estar num lugar daqueles apesar de ter mínimas condições. Manongue tem esperanças que venha mais ajuda do Governo, para, pelo menos, poderem sair do abrigo improvisado.

A casa engolida pela cratera

No centro de acomodação, o mais difícil é dormir, conta Adrónica Henriques, outra vitima que diz que as condições que existem são razoáveis. Virgílio Rosário despediu-se da família dias antes da intensa chuvas. Por isso não estava em casa, quando a desgraça aconteceu. Quando regressou, deparou-se com uma enorme cratera, que tinha engolido a sua casa: "Não restou nada e não recuperei nada. Estava em Quelimane quando me telefonaram para contar o que aconteceu. Agora não tenho nada, só a roupa que trago vestida".

As previsões meteorológicas apontam para mais quedas de chuva em quase toda a zona centro e sul de Moçambique. Nestas duas regiões as cheias já causaram mais de 70 mortes.

Entretanto o Parlamento moçambicano recebeu já a proposta de lei governamental sobre as calamidades. Entre vários artigos, o projeto-lei propõe a vedação das zonas propensas a cheias, explica Rita Almeida do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, que lembra que há casos em que as pessoas, mesmo sabendo que a zona é de maior risco, optam por fixar-se no local. Com a entrada em vigor da lei as zonas "poderão ser vedadas e o seus destinos decididos: seja para construir infraestruturas, para determinar zonas de residência, e por aí diante".

Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha