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Madagáscar escolhe novo Presidente

Philipp Sandner | Priscat Rakotomalala | nn
19 de dezembro de 2018

Dois antigos chefes de Estado disputam a segunda volta das eleições presidenciais: Marc Ravalomanana, que obteve 35% dos votos na primeira volta do sufrágio, e Andry Rajoelina, que ficou à frente, com 39%.

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Os candidatos na segunda volta: Marc Ravalomanana (esq.) e Andry Rajoelina

Os dois adversários disputam pela primeira vez uma eleição direta, após terem eliminado 34 candidatos na primeira volta, a 7 de novembro. Ambos prometem tirar Madagáscar da pobreza.

Ambos eram empreendedores de sucesso que se tornaram políticos e agora publicitam a sua própria carreira", comenta Marcus Schneider, chefe da Fundação alemã Friedrich Ebert em Madagáscar. "Eles dizem, 'olha o que eu fiz, como fiquei rico… Se for Presidente, farei o mesmo pelo país'."

A rivalidade entre Andry Rajoelina e Marc Ravalomanana é antiga. O duelo entre os dois dominou a política de Madagáscar durante mais de uma década.

Em 2007, Rajoelina foi eleito presidente da Câmara da capital Antananarivo após uma campanha contra os excessos do Presidente Ravalomanana, críticas que conquistaram a simpatia do eleitorado.

"O conflito político não se baseou nas rivalidades das duas personalidades, mas no facto de Marc Ravalomanana ter tendências megalómanas nos últimos anos de Governo. Ele marginalizou muitos outros políticos e empresários. Em 2009 não houve uma revolução popular contra Ravalomanana, mas sim uma revolta das elites políticas e económicas que se queriam livrar de um Presidente que monopolizava a vida política e económica", refere Schneider.

Madagaskar Wahlen Wahlkampf in einem Slum von Antananarivo
Madagáscar é um dos países mais pobres do mundoFoto: Getty Images/AFP/Rijasolo

Candidatos diferentes, interesses diferentes

Rajoelina começou a trabalhar como DJ e era visto como um jovem empreendedor: surgiu como uma lufada de ar fresco que representava a renovação política. Tentou chegar ao poder por duas vezes. À segunda tentativa, fez-se acompanhar por militares.

A tomada de poder de Rajoelina mergulhou o país numa crise política. As sanções internacionais pressionaram o Governo de transição durante anos e só depois de numerosas tentativas de mediação se superou a crise com novas eleições.

Na altura, os dois adversários não disputaram a corrida que foi vencida por Hery Rajaonarimampianina. Apesar de se ter recandidatado este ano ao cargo, perdeu na primeira volta do sufrágio, com pouco mais de 8% dos votos.

Rajoelina e Ravalomanana representam interesses económicos diferentes num sistema em que as elites políticas e económicas estão fortemente entrelaçadas.

"Qualquer um que seja eleito Presidente pode fazer essa redistribuição. Pode satisfazer economicamente os seus amigos e partidários. Esta é uma motivação na qual as trincheiras ideológicas e programáticas dos dois concorrentes não são muito diferentes", comenta o especialista alemão Marcus Schneider.

Madagáscar escolhe novo Presidente

Sair da crise

Ravalomanana é considerado amigo dos Estados Unidos; já Rajoelina mantém contactos próximos com França, onde viveu nos últimos anos.

Ambos prometem combater a pobreza e criar perspetivas para a população, apesar de terem fracassado nesse objetivo em mandatos anteriores.

Para os 25 milhões de malgaxes, esta eleição é uma oportunidade para resgatar a estabilidade política e económica num dos países mais pobres do mundo. Mais de 77% da população vive com menos de dois dólares americanos por dia.

Mas, antes disso, será necessário apurar com clareza quem será o novo Presidente. Observadores acreditam que quem perder a votação desta quarta-feira poderá contestar os resultados. Após a primeira volta, Rajoelina contestou os valores apresentados pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), apesar de ter ficado à frente na contagem.

"É óbvio que, nesta segunda volta, há mais em jogo, no que diz respeito à transparência e à prestação e profissionalismo da CENI", afirma a jurista malgaxe Sahondra Rabenarivo em entrevista à DW.

A contagem dos votos e a publicação dos resultados durante a quadra festiva poderá fazer com que o público não esteja tão atento, comenta Rabenarivo, embora essa atenção seja crucial para a estabilidade no país. "O que precisamos é de sensatez e do espírito do Natal", conclui.