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MDM nega crise: "Partido vai continuar a lutar"

Vera Covelo Tavares
24 de julho de 2018

José Domingos, secretário-geral do MDM, fala em "má-fé" por parte dos que abandonaram o partido e diz que pode haver mais casos de renúncia. Refuta ainda acusações de falta de democracia interna.

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José Domingos, secretário-geral do Movimento Democrático de Moçambique (MDM)Foto: DW/A. Cascais

O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) viu algumas das suas figuras proeminentes saírem para a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). Mas, para o secretário-geral do MDM, José Domingos, o partido não está em crise. Aliás, as saídas eram esperadas e "é possível que ainda apareçam, dentro de dias, mais três ou quatro", disse em entrevista à DW África.

José Domingos fala em "má-fé" por parte dos que abandonaram o partido a poucos meses das autárquicas, agendadas para outubro, mas garante que há condições para continuar a lutar e acredita que o povo está do lado do MDM e que dará a resposta nas urnas. O secretário-geral deixa várias críticas aos dissidentes e rejeita ainda qualquer falta de democracia interna no partido, pois há "órgãos" propícios para o diálogo.

DW África: Como é que o MDM está a gerir a saída de vários elementos para a RENAMO? Pode falar-se de um partido em crise?

José Domingos (JD): Crise, não é bem assim, visto que não é uma surpresa para nós, em relação às pessoas que estão a retirar-se para um outro partido em particular. É sinónimo de que as pessoas têm objetivos pessoais a atender. Eles já estavam a negociar com o outro partido há muito tempo. Ficámos atentos, fomo-nos preparando e já sabíamos que, nesta época eleitoral, poderia acontecer o que está acontecendo. A posição do partido continua a mesma. A verdade é que as pessoas [que deixaram o partido] é que estão a ter problemas pessoais, elas é que têm um problema.

MDM nega crise: "Partido vai continuar a lutar"

Um bom quadro político, quando está dentro de um partido, tem de aprender a discutir os assuntos dentro do partido. O partido teve um congresso há bem pouco tempo, em dezembro, depois teve o Conselho Nacional na cidade da Beira, onde eles estiveram. Mas, tratando-se de pessoas que tinham objetivos obscuros, preferiram manter-se [calados]. Por isso é que alguns deles vieram da reunião do Conselho Nacional despromovidos das suas funções, porque já se sabia o que estavam a tratar com outros partidos. O partido está a andar. Estamos a continuar a lutar.

DW África: Houve críticas quanto à falta de democracia interna no MDM e a uma concentração de poder na figura do seu presidente, Daviz Simango. Como comenta estas alegações?

JD: Nós tivemos o congresso e houve várias ideias e um grupo de maioria, como se faz em democracia, disse e continua a dizer que algumas funções têm de ser por indicação do presidente do partido. Foram aprovadas essas ideias. Em democracia temos de aprender que, quando a maioria vence, temos de submeter-nos à maioria. Um político que foi vencido numa eleição ou numa proposta que não vingou perante o congresso tinha que abandonar? É essa a decisão? Será que todos os membros que estão nos outros partidos vêm 100% das suas ideias a serem implementadas? Muitos deles chegaram ao poder de chefia e não reclamaram na altura, dizendo "não posso, porque isso é poder excessivo", mas era o mesmo presidente que indicava.

DW África: Tudo poderia ter sido resolvido com mais diálogo interno?

JD: Havia diálogo, nós estivemos em congresso, onde houve toda a possibilidade de as pessoas proporem as suas ideias. E tivemos também o Conselho Nacional. São esses os órgãos onde se discute o assunto. Nós já tínhamos percebido, eles já estavam preparados, tinham objetivos para tal, tinham negociações. Íamos recebendo fotografias dos contactos com quem falavam. O próprio partido que eles iam contactar depois mandava-nos fotos a dizer "estes estão-nos a pedir isso, a querer isto", e ficávamos atentos. E ainda faltam. É possível que ainda apareçam, dentro de dias, mais três ou quatro, que já sabemos que estão em contactos, desde há um ano, com outros partidos. Se fossem pessoas de boa-fé, não o teriam feito nessa altura em que nos estamos a aproximar das eleições. Significa que têm um interesse muito obscuro por trás. Não é por falta de democracia. Em política não podemos ter objetivos pessoais, temos de alinhar com o objetivo comum para salvar o povo moçambicano.

Mosambik Quelimane - Bürgermeister Manuel de Araújo wechselt zu RENAMO
Manuel de Araújo, edil de Quelimane, foi o caso mais recente de "troca de camisolas" do MDM para a RENAMOFoto: DW/B. Darame

DW África: E o que se pode esperar do MDM para as próximas autárquicas já em outubro?

JD: A decisão está no povo. O povo sabe em quem confiar e como confiar. Esperemos que o resultado do povo diga alguma coisa na devida altura.

DW África: Estas saídas de militantes do MDM para a RENAMO podem pôr em causa futuras coligações com este partido?

JD: Se o partido decidir e entender que isso se pode fazer... O partido está aberto, desde que as condições sejam claras. Mas a verdade é que nós estamos a trabalhar esquecendo essa parte, porque se houvesse boa vontade de haver possível coligação, o comportamento desse partido também não seria este. Estamos a trabalhar no sentido de avançarmos e garantirmos com as nossas próprias forças. Esse é o objetivo do MDM.

DW África: Portanto, o MDM é um partido com condições de sobreviver, não está em crise.

JD: Está em condições de sobreviver, não está em crise. A cidade de Quelimane ontem (22.07) marchou e estiveram os munícipes em peso, a reivindicar exatamente o comportamento do edil de Quelimane, que esteve a trabalhar como presidente do município a partir do passaporte do MDM.

DW África: E já têm candidato para a autarquia de Quelimane?

JD: Temos para todos os sítios, apenas falta a última concertação. Vamos ter a última reunião dentro de dias para finalizarmos e decidirmos com quem vamos avançar dentro dos interessados que estão a propor-se. 

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