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Roças nacionalizadas de São Tomé votadas ao abandono

30 de setembro de 2011

Em São Tomé e Príncipe celebrou-se a 30 de setembro, o dia da nacionalização das roças. Mas volvidos 36 anos sobre o dia em que as terras passaram para as mãos do Estado, as roças no país entraram em declínio total.

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O cacao é o principal produto de exportação de São Tomé e PríncipeFoto: DW

A falta de acompanhamento do Estado está entre as principais causas para um problema que tem graves impactos sociais e económicos no país. É o que mostra o exemplo de uma roça a 12km da capital de São Tomé. Caminhando em direção do centro da ilha chega-se à Roça Uba Budo, no interior do distrito de Mé-zochi.

João Delgado de 42 anos começou a trabalhar aqui como agricultor quando tinha ainda 14 anos. No tempo em que a roça era uma das grandes produtoras de cacau no país. João Delgado lembra-se que antigamente, a roça produzia de forma a dar lucro. O trabalho era bem organizado: “Mas agora nós não temos essas condições”.

Influência política prejudicou o funcionamento

Zwei Männer auf einer alten Kakaoplantage auf São Tomé und Príncipe
Muitas roças estão abandonadas, agravando o desempregoFoto: DW

A influência política condicionou a distribuição das terras do país quando as roças nacionalizadas a 30 de setembro de 1975 foram entregues a pequenos agricultores e médias empresas agrícolas de 1992 a 2000. Quem o diz é o diretor do gabinete da reforma fundiária de São Tomé, José Alice: “Houve realmente alguma influência política”.

De modo que já os responsáveis já não agiam em conformidade com o regulamento “… mas em função das ordens que íamos recebendo”. José Alice remata: “Alguém que recebe uma parcela de terra e que não tem nenhum vínculo à agricultura, nem sabe as dificuldades que o esperam, logicamente que acaba por desistir.

O governo prepara a reforma da reforma

Dos trinta mil hectares de terras distribuídos, cerca de 90 por cento encontram-se abandonados. Por isso, a nova política do governo é agora dar terra a quem realmente quer trabalhar. Uma proposta que segundo José Alice é para começar a ser já implementado nas próximas distribuições de terra. As autoridades planeiam uma fiscalização das parcelas atribuídas para “…redistribuir os terrenos àqueles que efetivamente querem trabalhar”.

Strand am Golf von Guinea
Uma boa gestão dos recursos fomentaria o crescimento económicoFoto: AP

As 15 roças espalhadas por todo país entraram em declínio quando se esperava o desenvolvimento. A falta de uma presença estatal e muitas vezes de qualquer espécie de apoio conduziu à queda da produção agrícola, pobreza e abandono como constatou José Delgado: “esta já foi uma empresa muito boa, mas agora está abandonada. O nosso Governo não deu atenção a Uba Budo. A Federação dos Pequenos Agricultores de São Tomé e Príncipe defende que só um apoio mais direto do Ministério do Plano e Desenvolvimento aos agricultores poderá mudar o estado da agricultura e das roças no país.

Autora: Edlena Barros (São Tomé)
Edição: Cristina Krippahl / António Rocha