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ConflitosRepública Democrática do Congo

RD Congo: Rebeldes do M23 ignoram cessar-fogo

Lusa
25 de novembro de 2022

O grupo de insurgentes M23 na RDC avança não onsiderar que o acordo lhe diga respeito, por não terem estado representados nas negociações para o cessar das hostilidades.

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DR Kongo Flüchtlinge aus Flüchtlingslager Kanyaruchikya
Combates recentes no leste da RDCongo obrigaram milhares de civis a fugirFoto: Benjamin Kassembe/DW

Os rebeldes do Movimento 23 de Março (M23), que deveriam cessar os combates esta tarde, ao abrigo do cessar-fogo alcançado, continuaram a ganhar terreno na sua ofensiva no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), segundo fontes locais.

De acordo com fontes civis e militares, registaram-se confrontos a cerca de 70 quilómetros a norte da cidade de Goma, capital da província de Kivu Norte, que envolveram as milícias do M23, maioritariamente de etnia tutsi, e as milícias hutu do agrupamento administrativo de Bambo, a oeste do Parque Nacional da Virunga. "Ouvem-se armas pesadas, a população está em pânico", disse um líder da sociedade civil local.

Imagem ilustrativa: Jovens congoleses juntam-se ao exército para combater os rebeldes
Jovens voluntários congoleses têm acorrido a quartéis para ajudar no combate contra os rebeldesFoto: Benjamin Kasembe/DW

Confrontos na RDC poucas horas antes do cessar-fogo 

Uma fonte de segurança confirmou que os confrontos em Bambo, foram entre o M23 e as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), rebeldes ruandeses que estão presentes na RDCongo desde o genocídio de tutsis no Ruanda, em 1994.

De manhã cedo, também ocorreram breves combates em direção a Bwiza, não muito longe do antigo reduto do antigo líder rebelde tutsi Laurent Nkunda, ativo na região nos anos 2000.
A situação parece estar controlada a norte de Goma, onde uma linha de frente foi estabelecida há cerca de duas semanas, cerca de 20 quilómetros a norte da cidade.

Na quarta-feira (23.11), uma mini cimeira Kigali e Kinshasa em Luanda, como parte dos esforços diplomáticos para trazer a paz ao leste da RDCongo, chegou a acordo com uma "cessação das hostilidades" até às 18:00 locais (17:00 GMT) desta sexta-feira, seguida da retirada dos rebeldes M23 "das áreas ocupadas" dois dias depois, bem como o seu "recuo para as suas posições originais".

Um porta-voz do M23 disse, na quinta-feira à noite, que o movimento "não estava realmente preocupado" com o acordo de Luanda porque não estava presente nas conversações.

Soldado do exército congolês
Poucas horas antes do acordo de cessar-fogo, M23 continava a ganhar terreno na RDCFoto: Benjamin Kasembe/DW

O M23 tomou conhecimento do acordo pelas redes sociais

"O M23 tomou conhecimento deste documento pelas redes sociais. Não havia ninguém nosso na cimeira, por isso não nos diz realmente respeito", disse Lawrence Kanyuka, o porta-voz político do M23 à agência France-Presse.
"Estamos sempre prontos para o diálogo direto com o Governo congolês para resolver as causas profundas dos conflitos", acrescentou o porta-voz.

O Governo congolês recusa-se a doalogar com o M23, que considera um movimento terrorista, enquanto os rebeldes ocuparem partes do território nacional.

A milícia M23 voltou a pegar em armas no final do ano passado. Kinshasa acusa Ruanda de apoiar os insurgentes, o que Kigali sempre negou. 
Os rebeldes passaram a controlar, recentemente, grandes extensões de território a norte de Goma, na RDCongo.

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