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RDC: Crise? Que crise?

Philipp Sandner | Julien Adaye | Jean-Michel Bos | Reuters | Lusa | tms
13 de abril de 2018

O Governo da República Democrática do Congo não participa na conferência de doadores internacionais em Genebra, na Suíça. Kinshasa acusa o ACNUR de empolar o número de deslocados internos e denegrir a imagem do país.

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Foto: picture alliance/dpa//Norwegian Refugee Council NRC/C. Jepsen

Genebra recebe esta sexta-feira (13.04) um encontro de doadores para tentar angariar mais de mil milhões de dólares para responder às crises política, de segurança e humanitária na República Democrática do Congo (RDC).

Desde o início do ano passado, 600 mil congoleses fugiram da violência e da instabilidade no país para Estados vizinhos. Além disso, mais de quatro milhões de pessoas estão agora deslocadas internamente, estima o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). A RDC abriga ainda cerca de 500 mil refugiados de outros países.

Em março, as Nações Unidas advertiram que a crise congolesa atingiu um "ponto de ruptura". Durante uma viagem ao país na semana passada, o chefe da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Filippo Grandi, alertou para a necessidade de mais investimentos na ajuda humanitária no país.

"As operações humanitárias na RDC continuam a ser subfinanciadas", afirmou.

Burundische Flüchtlinge im Bugarama-Camp im Kongo
Na RDC estão também dezenas de milhares de refugiados da República Centro-Africana, Sudão do Sul e BurundiFoto: DW/M. El Dorado

Grandi apelou, por isso, ao Governo congolês que participasse na conferência de doadores internacionais em Genebra, co-presidida pelas Nações Unidas.

Mas o Governo da RDC não participa no encontro. Kinshasa está em desacordo com as organizações humanitárias sobre a gravidade da crise, estimando que os deslocados internos sejam pouco mais de 200 mil - um número quase 20 vezes menor do que as estimativas das Nações Unidas.

"Marketing" humanitário

Em entrevista à DW África, o ministro das Comunicações congolês, Lambert Mende, disse que as organizações "deturpavam" o número de refugiados para conseguir mais dinheiro, e classificou o apoio internacional como "ajuda humanitária de marketing". Ainda de acordo com o ministro, os números devem ser corrigidos pelo ACNUR.

RDC: Crise? Que crise?

"O elevado número de deslocados é assustador para os investidores, e o país depende muito mais do investimento do que da ajuda ao desenvolvimento", afirmou Lambert Mende.

A decisão do Governo irritou os grupos da sociedade civil. Para André Masinganda, vice-secretário da Conferência Episcopal Nacional da RDC, "para além das estatísticas, o crucial é que as pessoas necessitadas sejam ajudadas".

Atualmente, mais de 13 milhões de congoleses precisam de ajuda humanitária, duas vezes mais que no ano passado. Além de questões étnicas, a situação de violência e insegurança na RDC agrava-se também devido à recusa do Presidente Joseph Kabila em terminar o seu mandato em 2016.