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"Quem adiou as autarquias em Angola foi o Presidente"

20 de outubro de 2020

A acusação é de Benedito Daniel, presidente do Partido de Renovação Social (PRS), em réplica ao discurso sobre o "Estado da Nação" proferido pelo Presidente angolano na quinta-feira passada.

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Foto: DW/M. Luamba

Na semana passada, o Presidente da República afirmou que não era "justo" nem "correto" dizer que as autárquicas em Angola foram adiadas - porque, segundo explicou João Lourenço, "não se adiam eleições que não foram convocadas".  Mas as críticas às palavras do chefe de Estado não tardaram. 

No dia a seguir ao discurso, o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto Costa Júnior, publicou na rede social Facebook uma série de recortes de imprensa a mostrar como as primeiras eleições autárquicas estavam, de facto, previstas para este ano.

Agora, é a vez do líder dos renovadores sociais criticar o Presidente da República. Benedito Daniel não tem dúvidas em apontar quem adiou o escrutínio.

"Quem adiou as autarquias foi mesmo o Presidente da República. Não faz sentido. O Conselho da República, que ele dirige enquanto chefe de Estado recomendara a realização das autarquias em 2020 e ele, como chefe de Estado, recomendou o contrário e ainda justifica que as eleições nunca foram convocadas", argumenta Daniel.

João Lourenço, Angola Präsident
Presidente de Angola, João LourençoFoto: Getty Images/M. Spatari

Luta contra corrupção não pode ser "elitista"

Para o líder do Partido de Renovação Social (PRS), o Presidente João Lourenço devia ter aproveitado o discurso sobre o "Estado da Nação" para prestar mais esclarecimentos sobre o processo das autarquias.

"Devia no mínimo esclarecer as dificuldades encontradas, o modo delas serem suplantadas e a previsão da sua realização."

Em relação à luta contra a corrupção, cavalo de batalha do Presidente João Lourenço desde que tomou posse, em 2017, o líder do PRS diz que é "necessário não tornar o processo elitista".

"O combate à corrupção é um processo que deve envolver a participação de todo o cidadão para expurgá-la da sociedade, [é preciso] que não seja apenas para uma elite de políticos ou do judiciário. Todo o povo deve participar com mecanismos próprios para que o impacto se reflita na sociedade", acrescentou.

"Covid-19 para justificar má governação"

Por outro lado, Benedito Daniel acusa João Lourenço de se estar a socorrer da Covid-19 para justificar a má governação do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

Protestos marcam três anos de governação de João Lourenço

Segundo o líder do PRS, a falta de emprego e de medicamentos nos hospitais, por exemplo, são problemas que já estavam por resolver muito antes da chegada do novo coronavírus.

"O chefe de Estado [levou] à Assembleia Nacional um relatório em que se exonera das responsabilidades da atual crise financeira que o povo vive e encontrou um culpado chamado Covid-19, a quem atribui todas as culpas."

Na réplica ao discurso sobre o "Estado da Nação", o líder dos renovadores sociais disse ainda que esperava uma mensagem de esperança aos cidadãos por parte do Presidente angolano.

No discurso, João Lourenço "fez uma incursão ao que foi feito, mas não disse o que será feito nem apresentou planos concretos para que os angolanos entendam que, afinal, o amanhã será melhor", diz.

No entanto, é preciso que o Presidente apresente rapidamente esses planos, sublinha Benedito Daniel, porque Angola vive momentos difíceis com a pandemia e a subida dos preços dos principais produtos. 

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