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Quais são os desafios de Angola à frente da OPEP?

Manuel Luamba
4 de janeiro de 2021

Angola assume a presidência rotativa da organização em plena pandemia de Covid-19. Especialistas ouvidos pela DW África não esperam soluções milagrosas para o "choque" no mercado petrolífero.

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Ölfeld in Saudi-Arabien
Foto: picture-alliance/dpa/A. Haider

Angola participou esta segunda-feira (04.01) de uma reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) convocada para apoiar os esforços internacionais a fim de manter os preços dos barris estáveis.

Os países membros do bloco petrolífero e os convidados a participar do encontro ficaram divididos sobre os planos de aumentar a produção a partir de fevereiro devido ao aumento dos preços. Isso ocorre numa altura em que especialistas preveem vários desafios de Angola na presidência da OPEP.   

O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola, Diamantino de Azevedo, considerou as projeções da OPEP, de crescimento da procura de petróleo bruto em cerca de 5,9 milhões de barris dia, uma "reviravolta bem-vinda" num mercado devastado pela Covid-19. 

Durante a 13.ª reunião ministerial da OPEP, Diamantino de Azevedo referiu que 2020 não foi fácil para nenhum dos Estados-membros, porque a Covid-19 foi "um golpe" para as suas economias. "Abriu profundos buracos nos orçamentos e atrasou significativamente os planos de investimento", acrescentou. "Estamos fazendo a transição da gestão da crise para o apoio à recuperação global." 

Em entrevista à DW África, o doutorando em direito para a exploração petrolífera, Wilson de Almeida, destaca que a Covid-19 teve efeitos nefastos na economia mundial, tendo se verificado a redução drástica do consumo do petróleo por decorrência de várias medidas pelos países.

"O preço do petróleo, que já estava baixo em razão de excesso de oferta, mais baixo ficou. Consequentemente, houve um excesso de oferta no mercado mundial que obrigou que inicialmente a OPEP e outros países [que não pertencem à organização] fizessem um acordo para limitar a produção petrolífera", explica Almeida.  

Angola Ölförderung vor der angolanischen Küste
Plataforma da Total na costa angolanaFoto: Getty Images/AFP/M. Bureau

Transição energética

No ano passado, os países exportadores de petróleo concordaram em diminuir a extração do crude em até 10 milhões de barris diários. No entanto, Almeida diz que, para além deste acordo, outro desafio de Angola na organização é enfrentar a chamada "transição energética". 

"Temos as energias limpas e gradualmente essa é a tendência mundial. Daí que Angola tem, enquanto país e enquanto membro da OPEP, o desafio de manter apetecível o mercado petrolífero apesar da transição energética, que tarde ou cedo, vai acabar por afetar a procura dos combustíveis fósseis", prevê. 

Questionado sobre se Angola poderá conseguir ajudar a OPEP a estabilizar o preço do barril do petróleo no mercado internacional, o também professor da Universidade Católica de Angola responde que o futuro do mercado petrolífero é quase incerto. Não só devido à nova variante da Covid-19, como também à continuação do excesso de produção do crude.

"O que é recomendável para países como o nosso é que gradualmente possamos nos autonomizar da dependência do petróleo, porque o futuro do mundo é, provavelmente, um futuro sem petróleo", explica. 

A influência de Angola

Osvaldo Mboco, professor de Relações Internacionais da Universidade Técnica de Angola, crê que Angola pode influenciar as decisões.

"Pode criar microencontros com o objetivo de impulsionar e influenciar para que se tomem medidas que visem concorrer para os melhores resultados que os países exportadores de petróleo poderão ter".

Mboco acrescenta, no entanto, que é "fantasioso e ilusório" pensar que o Estado angolano por si só conseguirá resolver ou estabelecer o preço do barril do petróleo.

"O preço do barril do petróleo não depende simplesmente das estratégias dos Estados. Depende muito da forma como o mercado comporta-se", explica. 

Angola assumiu em novembro de 2020 a presidência da Conferência de Ministros da OPEP, órgão ao qual foi admitido como membro de pleno direito em 2006.

 

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