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Morreu ex-Presidente do Quénia Daniel arap Moi

tms | Lusa
4 de fevereiro de 2020

No Quénia, morreu esta terça-feira (04.02), aos 95 anos, o ex-Presidente Daniel arap Moi. O antigo chefe de Estado estava internado há cerca de um mês. A informação foi avançada pela Presidência da República.

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Foto: Getty Images/AFP/A. Joe

Daniel arap Moi, que governou o Quénia com mão de ferro durante 24 anos e foi o segundo Presidente do país, morreu aos 95 anos, informou o gabinete do Presidente Uhuru Kenyatta.

Moi esteve no cargo de 1978 a 2002, uma época marcada pela centralização do poder, corrupção e alegações de abuso dos direitos humanos. A ex-colónia britânica foi um Estado de partido único durante grande parte do seu Governo.

Apelidado de ditador pelos críticos, Moi foi fortemente apoiado por muitos quenianos e era visto como uma figura de união quando assumiu o poder em 1978, na sequência da morte do Presidente Jomo Kenyatta.  

Regime de partido único

Em 1982, o Governo de Moi alterou a Constituição para impor um regime de partido único. No final do ano, o exército pôs fim a uma tentativa de golpe de Estado liderada por membros da oposição e alguns oficiais da força aérea. Pelo menos 159 pessoas morreram. 

Um relatório da comissão governamental Verdade Justiça e Reconciliação queniana, que avaliou a administração de Moi, concluiu que o regime deteve e torturou sistematicamente ativistas políticos opositores. 

A mesma comissão verificou também a ocorrência de detenções ilegais e homicídios, incluindo o assassínio de um ministro dos Negócios Estrangeiros Robert Ouko.  

Kenia Nairobi 2002 | Uhuru Kenyatta & Daniel arap Moi, Präsident
Uhuru Kenyatta e Daniel arap Moi, quando deixou o poder em 2002Foto: Getty Images/AFP/S. Maina

"O [sistema] judiciário tornou-se cúmplice na manutenção das violações, enquanto o parlamento foi transformado num fantoche controlado pela mão pesada do executivo", indicou o mesmo documento.  

A corrupção, especialmente na distribuição ilegal de terras, estendeu-se a todas as esferas da administração, enquanto o poder político estava concentrada nas mãos de alguns, acrescentou.  

Saída do poder em 2002

Em 1991, Moi cedeu à pressão interna, e também ocidental, e às exigências para a criação de um sistema político multipartidário, devido à pressão interna. No mesmo ano, a polícia matou mais de 20 pessoas numa manifestação.  

As eleições multipartidárias de 1992 e 1997 foram marcadas pela violência política e étnica.  

Quando Moi deixou o poder em 2002, a economia do Quénia, um dos países mais desenvolvidos da África Oriental, apresentava resultados negativos devido à corrupção.  

Frequentemente, o antigo Presidente queniano acusou o Ocidente pelas dificuldades económicas sentidas pela população durante o seu mandato.  

Os quenianos aprovaram uma nova Constituição, que entrou em vigor em 2010, com mecanismos para impedir um culto da personalidade.