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Quénia: O caminho de Uhuru Kenyatta ao poder

Jacob Bormani
12 de agosto de 2017

Os quenianos elegeram Uhuru Kenyatta para um segundo mandato presidencial. Com a carreira cheia de altos e baixos, o filho do fundador da nação é um especialista no jogo da política.

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Foto: Reuters/T. Mukoya

O vencedor das eleições presidenciais do Quénia tem um nome famoso: Uhuru Muigai Kenyatta.Ele é filho do fundador da nação e primeiro Presidente, Jomo Kenyatta, que governou o país de 1964 a 1978. Os Kenyattas são kikuyu, o maior grupo étnico queniano. Os kikuyu dominam a política e a economia do Quénia. Uhuru significa "liberdade" em Kiswahili e o novo Presidente não recebeu esse nome por acaso. Kenyatta nasceu em 26 de outubro de 1961, durante a luta pela independência.

Ele cresceu em Nairobi, começou a trabalhar para o banco Kenyan KBC e depois estudou economia e ciências políticas nos Estados Unidos. Ao retornar, juntou-se ao império comercial de seu pai. Sua primeira experiência na política foi em 1996, quando o Chefe de Estado Daniel arap Moi o nomeou presidente de uma ala do então partido no poder, a União Nacional Africana do Quénia (KANU, sigla em inglês).

Fantoche de Moi

Em 1997, Kenyatta concorreu a um assento parlamentar no distrito de Gatundu, que já foi representado por seu pai, mas perdeu depois que Moi o nomeou diretor da Autoridade de Turismo. Em 2001, ele ganhou um assento na Assembleia Nacional. No mesmo ano, assumiu o Ministério do Governo Local. Quando Daniel arap Moi decidiu abandonar o poder, escolheu Kenyatta, de 39 anos, como candidato do partido para a Presidência, uma jogada que surpreendeu muita gente.

Moi perdeu sua aposta. Diante de um candidato inexperiente, que foi considerado por muitos como o fantoche do ex-presidente, a oposição ganhou força. Funcionários descontentes da KANU também trocaram de lado e apoiaram Mwai Kibaki, um kikuyu como Kenyatta. Kibaki venceu as eleições de 2002 e Kenyatta encontrou-se na oposição.

Kenia Präsident Kenyatta und Vizepräsident Ruto
As eleições de 2017 são a segunda chance da dupla "Uhuruto" - Uhuru Kenyatta e o vice-presidente William RutoFoto: picture alliance/AP Photo

Manobras políticas

Cinco anos depois, Kenyatta decidiu não correr novamente e optou por apoiar o Presidente Kibaki, que estava numa disputa acirrada com Raila Odinga. Quando a Comissão Eleitoral declarou Kibaki o vencedor, os apoiantes de Odinga suspeitaram de fraude.

Divisões étnicas levaram à violência. Nos meses seguintes, milhares de pessoas morreram. Kenyatta foi acusado de incitar a violência contra o grupo étnico Luo de Odinga e teve que comparecer perante o Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia.

Kenia Wahl Politiker Raila Odinga
Raila OdingaFoto: Reuters/T. Mukoya

O que se viu nos anos seguintes foi uma masterclass de manobras políticas. Kenyatta aliou-se a William Ruto, que havia sido acusado pelo TPI como o autor intelectual da violência contra a etnia de Odinga. Os aliados disseram que os procedimentos judiciais eram uma desculpa do Ocidente para influenciar a política queniana. Isso garantiu-lhes a vitória eleitoral contra Raila Odinga em 2013. Como presidente e vice-presidente, eles não tiveram dificuldades em retirar as acusações do TPI, especialmente porque não havia testemunhas. 

Em seu primeiro mandato como Presidente, Kenyatta apresentou um plano de desenvolvimento nacional chamado "Visão 2030", que incluiu atendimento médico gratuito para mulheres grávidas, educação primária universal e computadores portáteis para todos os alunos. Mesmo que nem tudo tenha sido implementado, Kenyatta conseguiu aumentar seu apoio no país.

Ele foi criticado por excessivas de viagem ao exterior, incluindo 43 visitas de Estado em seu primeiro mandato. A dupla Uhuruto – Kenyatta e Ruto –, como são chamados no país, agora tem mais uma chance. De acordo com a constituição, este será o último mandato de Kenyatta.