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CulturaAngola

Professor quer ver hino nas línguas nacionais de Angola

Nelson Camuto (Malanje)
19 de outubro de 2021

Após traduzir o hino nacional para o kimbundu, Ricardo Prata quer difundir a nova versão. O professor espera que investigadores façam traduções da canção "Angola Avante!" para outras línguas faladas pelo país.

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Angola | Ricardo Prata übersetzt die angolanische Nationalhymne in Kimbundu
Professor Ricardo PrataFoto: Nelson Camuto

O jornalista, professor e escritor Ricardo Prata, de 43 anos, é o mentor da interpretação do hino nacional angolano em kimbundu. Para Prata, elevar a criatividade e o espírito cívico foi o mote desta obra única e original.

"Temos que contagiar o país, temos de despertar as pessoas que também devemos valorizar as nossas línguas nacionais. Assim, poderemos trazer angolanidade em todos os seus aspetos fundamentais", defende.

Kimbundu é uma língua do grupo etnolinguístico ambundu, muito falada nas províncias de Luanda, Bengo, Kwanza Norte e Kwanza Sul, Uíge e Malanje. De acordo com Prata, o seu maior objetivo é que o hino seja também cantado em cerimónias oficiais em Angola.

Angola | Afonso Morais
O estudante Afonso Morais gosta da ideia de cantar o hino nas línguas angolanasFoto: Nelson Camuto

Hino em mais línguas

O professor revela que a tradução do hino foi influenciada pelo amor à docência e pela necessidade do resgate dos valores nacionais.

"Cantar o hino nacional é um gesto de patriotismo, é um dever cívico. Então, achamos muito bem juntar o útil ao agradável. Se porventura as superestruturas um dia adotarem a necessidade de cantá-lo em cerimónias oficiais será a minha maior gratidão", diz 

Ricardo Prata desafia agora os demais escritores e investigadores culturais a embarcarem em projetos que resgatem a angolanidade - por exemplo, com mais versões do hino nacional cantadas em outras línguas faladas em Angola.

Canção nacional nas escolas

Segundo Prata, nas escolas da província de Malanje onde se leciona o kimbundu, já se ouve cantar o hino nesta língua. Para o estudante da 11ª classe, Afonso Morais, de 21 anos, a iniciativa vai impulsionar o resgate dos valores patrióticos de Angola.

Angola | Sandro Hosório
Sandro Hosório: "Acho que poderão perceber melhor do que se tratada o hino'Foto: Nelson Camuto

"Do ponto de vista estratégico ou educacional seria bem-vindo. É louvável virem com essa atividade de modo a promovermos aquilo que são os interesses da própria nação, que é ajudar a sociedade a conhecer o hino na sua língua nacional", diz Morais.

O sociólogo Sandro Hosório acredita que o hino nas outras línguas angolanas significa uma inovação em hábitos e valores, uma vez que a sociedade não é estática. "Vamos sempre adquirindo novos métodos, novos elementos de uma cultura a uma outra", reflete.

Hosório lembra que muitos cidadãos não percebem ou não cantam o hino porque não falam português. "Acho que poderão perceber melhor do que se trata o hino. Eles só ouvem a falar do hino", explica.

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