Presidente do Sri Lanka apresenta finalmente a demissão
15 de julho de 2022Gotabaya Rajapaksa é o primeiro Presidente do Sri Lanka a demitir-se desde que o país adoptou o sistema presidencial, em 1978. Renunciou ao cargo para o qual foi eleito em 2019.
"O Presidente demitiu-se e deixou legalmente o seu cargo a 14 de julho de 2022", disse hoje aos jornalistas Mahinda Yapa Abeywardene, líder do Parlamento do Sri Lanka, após autenticar uma carta enviada de Singapura pelo demissionário.
O Parlamento vai agora dar início ao processo de eleição de um novo Presidente no sábado (16.07), que deverá estar concluído no prazo de sete dias, acrescentou Abeywardene.
"O meu objetivo é completar o processo o mais cedo e com o maior sucesso possível", Abeywardene, acrescentando que é fundamental que o novo Presidente seja eleito num quadro transparente e democrático, enquanto Ranil Wickremesinghe continuará como presidente em exercício.
Manifestantes voltam a casa
Rajapaksa fugiu do país na quarta-feira (13.07), num momento de protestos crescentes para que se demitisse por causa de uma grave crise económica.
Os manifestantes, que tinham ocupado edifícios governamentais, voltaram ontem a casa, restaurando alguma calma nas ruas.
Acusam Rajapaksa e a sua poderosa família política de desviar dinheiro dos cofres do Governo durante anos e responsabilizam a sua administração pelo colapso do país fruto da má gestão.
A família negou as alegações de corrupção, mas Rajapaksa reconheceu que algumas das suas políticas contribuíram para a crise vivida no país.
Meses de protestos
Meses de protestos atingiram o ponto mais alto no fim de semana, quando manifestantes ocuparam o palácio presidencial, bem como a residência oficial do primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe. Na quarta-feira, cercaram o gabinete de Wickremesinghe.
Os manifestantes inicialmente juraram manter-se nesses locais até que um novo Governo estivesse em funções, mas o movimento mudou de tática na quinta-feira (14.07), aparentemente preocupado com o facto de qualquer escalada de violência poder minar a sua mensagem, após os confrontos da noite anterior fora do Parlamento, que resultaram em dezenas de feridos.