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PolíticaQuénia

Presidente do Quénia desdramatiza protestos

Isaac Mugabi | Richard Walker | nn
29 de março de 2023

De visita à Europa, o Presidente do Quénia, William Ruto, minimizou os protestos da oposição no seu país. Apelou ainda a Pequim para encorajar o Presidente russo, Vladimir Putin, a acabar com a guerra na Ucrânia.

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Protestos em Nairobi, no Quénia
Foto: Brian Inganga/AP Photo/picture alliance

O Presidente queniano, William Ruto, esteve em Berlim nos últimos dias à procura de oportunidades de investimento. O Quénia tem bastantes recursos para produzir energia renovável, frisou Ruto em entrevista à DW, e a Alemanha tem a "melhor tecnologia".

"É preciso desenvolver sinergias entre as escolas técnicas quenianas e as suas equivalentes na Alemanha", disse o chefe de Estado.

O Quénia enfrenta um forte aumento do custo de vida, em parte devido à invasão russa da Ucrânia, que levou à escassez de fertilizantes em todo continente africano. Há duas semanas que o país é palco de protestos por causa dos preços crescentes dos bens essenciais. Os protestos são liderados pelo líder da oposição Raila Odinga e têm sido marcados por violência e saques.

Apoiantes do líder da oposição Raila Odinga durante protestos na segunda-feira (27.03) em Nairobi, no Quénia
Apoiantes do líder da oposição Raila Odinga durante protestos na segunda-feira (27.03) em Nairobi, no QuéniaFoto: John Muchucha/REUTERS

Durante a entrevista exclusiva à DW, o Presidente William Ruto exortou os cidadãos quenianos a respeitarem o Estado de Direito.

"Os tumultos em Nairobi não são propriamente sobre o custo de vida. Trata-se mais de alguns resultados eleitorais - que na realidade é um assunto resolvido. Mas é claro que, como o custo de vida é uma questão premente e emotiva, os nossos adversários estão a tentar tirar partido disso. Mas penso que o povo do Quénia é muito mais sensato", afirmou Ruto.

Ruto faz apelo à China

William Ruto também falou do conflito na Ucrânia. Condenou o desrespeito ocidental pelo impacto da guerra, ao mesmo tempo que apelou à China a usar a sua influência sobre a Rússia para pôr fim ao conflito.

Presidente do Quénia, William Ruto, e chanceler alemão, Olaf Scholz
Presidente do Quénia, William Ruto, e chanceler alemão, Olaf ScholzFoto: Political-Moments/IMAGO

"Todos nós viemos de um efeito devastador da pandemia da Covid-19. A China tem grandes interesses em muitas partes do mundo, incluindo África, onde alocaram recursos. Eles apoiaram a construção de infraestruturas e injetaram o seu capital. Não acho que esta guerra os esteja a ajudar a recuperar os investimentos que fizeram globalmente", disse Ruto.

Sobre os planos de Vladimir Putin para mover armas nucleares para a Bielorrússia, Ruto acha que a ameaça de implantação nuclear é lamentável e deve ser motivo de grande preocupação para todos os países que são signatários da Carta das Nações Unidas.

"Esperamos uma diminuição da tensão, mas parece que não acontecerá tão cedo. E a ameaça de implantação nuclear coloca muitas vidas e talvez o mundo em risco."

O Presidente Ruto defende que comunidade internacional deve trabalhar para uma solução viável para contornar o impacto da guerra na distribuição de bens essenciais, combatendo a inflação.

"Vamos encontrar o mecanismo para acabar com isso, para que possamos parar as vítimas desta guerra. Muitos países, incluindo o Quénia, precisam de ajuda para ter acesso a fertilizantes e cereais. O Quénia está a procurar maneiras de fazer as coisas de forma diferente para evitar a dependência da cadeia de abastecimento global desses bens e matérias-primas", disse Ruto.