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Presidente angolano em esforços para mediar tensões

Alex Ngarambe | AFP | Lusa
21 de fevereiro de 2020

Presidente angolano, João Lourenço, foi esta quinta e sexta-feira até à fronteira de Gatuna/Katuna, entre o Uganda e o Ruanda, para mediar as tensões entre os dois países, face a acusações mútuas de ingerência política.

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Paul Kagame, Presidente do Ruanda, Yoweri Museveni, Presidente do Uganda, João Lourenço, Presidente de Angola, Félix Tshisekedi, Presidente da RDC na fronteira de Katuna, RuandaFoto: Presidential Press Unit of Uganda

No início de fevereiro, sob a mediação de Lourenço em Luanda, os Presidentes Yoweri Museveni e Paul Kagame prometeram não apoiar ações desestabilizadoras nos territórios vizinhos. Agora, a esperança de muitos cidadãos é que a fronteira seja reaberta.

Os populares na fronteira de Gatuna/Katuna, entre o Uganda e o Ruanda, têm sentido na pele as consequências das tensões entre os dois países. Há um ano, o Ruanda decidiu fechar a fronteira e cortou uma via nevrálgica do comércio. Além disso, muitos habitantes ficaram sem poder ver os familiares, que vivem do outro lado.

As consequências

James Kamanzi mora no Ruanda e há muito tempo que não vê os pais doentes: "Afetou-me bastante. A nossa família tem propriedades, os meus pais estão a envelhecer e eu devia ir lá ver como eles estão e como estão as coisas. Eles estão muito adoentados e não os vejo há quase dois anos. Portanto, afetou-me bastante."

Afrika Uganda l Katuna - Grenze zu Ruanda
Fronteira de Katuna, RuandaFoto: DW/A. Gitta

Kamanzi conta que o Ruanda tem insistido que nunca fechou a fronteira - alertou apenas as pessoas a não viajarem para o Uganda, porque, segundo o Governo, há cidadãos ruandeses que são detidos e torturados no país vizinho. Mas a verdade é que as pessoas estão impedidas de viajar para o outro lado. Quem vive na fronteira quer apenas que a situação volte ao que era antigamente.

"Faltei a funerais de amigos meus. Não pude estar em dois ou três casamentos de amigos e em dois funerais de vizinhos. E você sabe que, na nossa cultura, temos de lá estar quando se perde alguém", lamenta Kamanzi.

A reabertura da fronteira é crucial para reduzir as tensões políticas e económicas, continua Kamanzi. Os preços dos produtos da cesta básica mais do que duplicaram de há um ano para cá.

"As pessoas estão a perder o emprego e ficaram falidas. Não há dinheiro, não há comércio", conta o residente no Ruanda.

Presidente angolano em esforços para mediar tensões

Os dramas das viagens

A ironia é que a fronteira fechou em Gatuna/Katuna, mas os ruandeses que vão de avião continuam a poder viajar para o Uganda. Só que nem todos podem comprar o bilhete. Cidadãos como Mark Mulindwa optaram por fazer uma viagem mais longa até ao Uganda, passando pela Tanzânia, embora também tenha ficado caro.

"Chamaram-me para fazer uma coisa importante e tive de me organizar. Fui pela Tanzânia até ao posto fronteiriço de Mutukula e depois até ao Uganda. Foi muito caro. Não valeu a pena, mas foi assim. Gastei cerca de 250 dólares", diz Mulindwa.

Analistas acreditam que, mesmo com a reabertura da fronteira, a animosidade entre os dois Estados poderá continuar. O conflito entre o Uganda e o Ruanda dura há décadas.

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