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Estado de DireitoÁfrica

Polícias facilitariam o tráfico de drogas em Quelimane

20 de julho de 2020

Em Moçambique, denúncias dão conta do alegado envolvimento de polícias com a facilitação do tráfico de drogas e a extorsão. O Comando da PRM investiga os relatos e tem cautela: “Não podemos assumir se existe ou não”.

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Mosambik I Polizisten kooperieren mit Drogenhändlern in Quelimane.
Foto: DW/M. Mueia

Integrantes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) e da Polícia da República de Moçambique (PRM) estão a ser acusados de colaborarem com uma rede de traficantes de drogas em Quelimane, capital da Zambézia.

O Comando Provincial da PRM esta a investigar a denúncia feita por jovens que estiveram detidos por alguns dias numa das unidades policiais na capital da Zambézia. O grupo diz que alguns agentes do SERNIC e da PRM os policiais exigem parte do dinheiro do tráfico em troca de protecção.

Um dos denunciantes diz que um dia foi surpreendido por membros da PRM no seu quarto. "Eles pediram para eu não me agitar e para que os levasse para a pessoa que vende as drogas. Quando os levei, ficou um agente [da SERNIC] lá dentro. Ele viu uma pessoa esconder a droga, mas quando os outros [polícias] entraram, não falou nada. Deixou os [polícias] fazerem a vasculha e mesmo sabendo que a droga foi escondida, não disse nada para os outros”, disse um dos denunciantes.

Mosambik I Polizisten kooperieren mit Drogenhändlern in Quelimane.
Miguel Caetano: "Isso pode culminar com medidas sancionatórias"Foto: DW/M. Mueia

Entre os crimes cometidos pelos policiais estaria também a extorsão. "Eles levaram dinheiro da minha carteira e um telefone. Eram 2 mil meticais [o equivalente a 20 euros]”.        

O chefe do Departamento das Relações Públicas do Comando Provincial da Policia da Republica de Moçambique, Miguel Caetano, disse à DW África que os crimes denunciados estão a ser investigados. Caetano confirmou há denuncias de envolvimento de membros da SERNIC e da PRM envolvidos na rede de tráfico de drogas - ou mesmo a facilitar o tráfico.

"É um trabalho que já estamos a levar a cabo no processo de investigação. Serão [adotadas] medidas criminais e disciplinares, processos crimes internos serão abertos. Isso poderá culminar com algumas medidas sancionatórias. Nós não podemos assumir se existe ou não. É um processo que vamos levar a cabo no âmbito da investigação”, comentou.      

O Núcleo de Combate às Drogas na Zambézia identifica que o tráfico está mais intenso na província. O diretor da organização, Silvério dos Anjos, diz que a Zambézia regista aumento de apreensões de drogas nos últimos meses.

 "Há progressivamente a tendência de consumo de drogas pesadas - é o caso da cocaína, haxixe - quando antes a Cannabis sativa era mais recorrente. Nas nossas cidades, já podemos ver que há tendência de penetração de drogas pesadas”, conclui.