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Polícia dispersa protestos no Zimbabué

gcs | com agências
16 de agosto de 2019

Polícia lançou gás lacrimogéneo e agrediu manifestantes que protestavam contra o Governo em Harare. Autoridades proibiram o protesto, mas manifestantes defendem o direito constitucional de se manifestar.

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Foto: Reuters/P. Bulawayo

Centenas de pessoas desafiaram a proibição e foram esta sexta-feira (16.08) para as ruas de Harare protestar contra a administração do Presidente Emmerson Mnangagwa.

A polícia travou os protestos, lançando gás lacrimogéneo e usando canhões de água para dispersar os manifestantes. Perseguiu ainda os opositores com cassetetes e prendeu várias pessoas. Uma mulher foi socorrida por uma ambulância da Cruz Vermelha.

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Presidente zimbabueano Emmerson MnangagwaFoto: Getty Images/D. Kitwood

O protesto em Harare foi convocado pelo maior partido da oposição, o Movimento para a Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês), que acusa o Presidente Mnangagwa de conduzir o país para um caminho de grave instabilidade económica: a inflação atingiu os 175% e faltam produtos básicos. Segundo o Programa Alimentar Mundial, pelo menos metade da população está em risco de fome.

Da esperança à desilusão

Depois de Mnangagwa substituir Robert Mugabe, afastado da Presidência em novembro de 2017, muitos zimbabueanos esperaram um "virar de página" no país.

Mas, segundos os críticos, a esperança deu lugar à desilusão e ao medo - não só por causa da crise económica, mas também pela forma como as autoridades zimbabueanas têm reprimido vozes dissonantes.

Em janeiro, várias pessoas morreram e centenas ficaram feridas em manifestações contra o aumento do preço dos combustíveis, reprimidas violentamente pelas forças de segurança. Antes da manifestação desta sexta-feira, seis ativistas foram raptados em suas casas, durante a noite, e espancados por homens armados, segundo uma coligação de grupos de defesa dos direitos humanos.

Simbabwe Zusammenstöße mit der Polizei wegen Demonstrationsverbot in Harare
Manifestantes foram dispersados pela polícia, que tinha avisado a população para não participar no protesto de sexta-feiraFoto: Reuters/P. Bulawayo

A Amnistia Internacional (AI) acusou, na quinta-feira, o Executivo de Mnangagwa de "usar algumas das táticas brutais observadas durante a governação de Robert Mugabe".

"Em vez de ouvir as preocupações dos manifestantes sobre a economia, as autoridades têm usado tortura e raptos para silenciar os opositores e instalar um clima de medo", afirmou Muleya Mwananyanda, diretora regional adjunta da AI para a África Austral.

"Passámos da frigideira para a fogueira"

O protesto de sexta-feira foi proibido pelo Governo de Mnangagwa. O MDC contestou a decisão, mas a Justiça zimbabueana acabou por dar razão ao Executivo.

Simbabwe Zusammenstöße mit der Polizei wegen Demonstrationsverbot in Harare
Polícia patrulha ruas de Harare depois de proibição de protestoFoto: Reuters/P. Bulawayo

Ainda assim, a oposição espera que outras manifestações antigovernamentais se sigam: "A Constituição garante o direito à manifestação. Mas este regime fascista negou e proibiu este direito ao povo do Zimbabué", afirmou Tendai Biti, vice-presidente do MDC.

"Passámos da frigideira para a fogueira depois do golpe de novembro de 2017. […] Não aceitamos as ações deste regime, as ações do Sr. Mnangagwa."

Esta sexta-feira, a polícia impediu o acesso aos escritórios do MDC em Harare e montou barricadas para deter os manifestantes. Revistou ainda automóveis e autocarros à procura de armas. De acordo com a agência de notícias Reuters, muitas lojas ficaram fechadas e os poucos empregados que apareceram para trabalhar foram aconselhados a ir para casa.

Na véspera do protesto, a polícia andou com megafones por algumas ruas de Harare, avisando os habitantes para não participarem nos protestos: "Não participem, senão vão apodrecer na prisão", anunciou a polícia.