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Polícia aumenta presença em Luanda

3 de março de 2011

O clima político está agitado em Angola por causa de uma eventual manifestação contra o presidente do país e o seu regime. Mas, o partido no poder, MPLA, antecipou a marcha com uma contra-manifestação.

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O MPLA, partido do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, desvaloriza um possível efeito contágio das crises do Magrebe em AngolaFoto: AP

"Angola não é o Egipto, Angola não é a Líbia, Angola não é a Tunísia!" Foi umas das frases proferidas por Bento Bento do MPLA, num acto público para anunciar uma manifestação de apoiantes á José Eduardo dos Santos, sábado, dois dias antes de uma marcha convocada na internet e por telemóvel contra o chefe de Estado angolano, há 32 anos no poder.

A polícia nacional aumentou o seu patrulhamento em Luanda e outras importantes cidades do país nos últimos dias. Na capital de Angola as zonas estratégicas são guardadas preferencialmente pela polícia de intervenção rápida. Testemunhas dizem também que houve um aumento do numero de agentes de transito que abordam os utentes de viaturas topo de gama, normalmente associadas a uma nascente classe média angolana e algo independente de querelas partidárias.

Manuel Fernandes da coligação POC – partidos da oposição civil, entretanto, questiona o forte aparato policial: "Será que manifestações públicas e pacíficas que estão previstas na Constituição levam um governo a mandar tropas e polícias para massacrar o povo?"

O clima político “passou” a quente nos últimos dias com o pronunciamento em plena missa radiodifundida e televisionada de um padre apontado com próximo do MPLA.

Apolonio Graciano disse em jeito de previsão: "É confusão, é guerra civil que vem ai, é guerra fraticida, vai haver confusão e não nos contentemos com isso, por isso o que se está a passar lá fora aqui não queremos. Se há pessoas que aparecem nas rádios a meter coisas nas cabeças das pessoas, cuidado, eles vão fugir e você é que fica na confusão, e você é que morre" .

A UNITA apontada como mentora da manifestação de segunda-feira, veio a terreiro dizer que não. O presidente do partido, Isaías Samakuva, desmentiu o facto com as seguintes palavras: "A UNITA não está a organizar nenhuma manifestação para o dia 7 de Março"

"Não estaremos de braços cruzados"

Isaias Samakuva Opposition Führer Wahlen Angola
Isaias Samakuva, presidente do maior partido da oposição em Angola, UNITA, distancia-se das manifestações previstas para a próxima segunda-feiraFoto: picture-alliance/dpa

Antes o ministro do interior tinha dito que não ia tolerar uma acção que manche a ordem pública. Este é o primerio pronunciamento de um membro do governo sobre o assunto. Sebastião Martins, que durante vários anos foi director dos serviços secretos internos de Angola, foi categórico nas suas palavras: "Não estaremos de braços cruzados diante de situações que requeiram a nossa pronta intervenção, mesmo que as vezes se levantem vozes caluniosas."

Mas quem não vai nesta conversa é uma coligação de partidos políticos, conhecida por POC – partidos da oposição civil. Eles não têm acento PARLAMENTAR, mas são compostos por cerca de dez formações políticos. Este grupo afirmou que vai fazer uma vigília domingo, numa zona norte de Luanda e depois iniciar uma marcha. Já o MPLA não se deixa intimidar, o seu secretário em Luanda, Bento Bento, reafirma uma espécie de unidade a volta do seu líder.

A eventual marcha é o assunto de todos os dias em Luanda, mas ainda sem rosto. A sociedade continua em expectativa.

Autor: Manuel Vieira
Revisão: Nádia Issufo/António Rocha