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Pirataria discográfica segue impune em Cabo Delgado

Eleutério Silvestre (Pemba)29 de abril de 2014

A pirataria ameaça a indústria discográfica, afetando a venda e produção musical na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique. Os artistas preocupados e sem recursos consideram um fenómeno difícil de se combater.

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Discos pirateados num mercado em Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, MoçambiqueFoto: DW/E. Silvestre

Na província de Cabo Delgado também ­se registam casos de produção e venda de discos pirateados. São muitos os artistas da velha guarda, e também da nova geração, que se queixam de inúmeras dificuldades de combater a onda da pirataria e recuperar os prejuízos provocados pelos piratas na produção de música.

No Mercado Batatas, o maior centro comercial informal de Pemba, existem bancas que se dedicam exclusivamente a produção e venda de discos pirateados.

Face ao perigo e ameaça que constitui para o investimento de montagem de estúdios modernos, alguns artistas vêem-se obrigados a redobrar esforços de luta contra a pirataria.

Contudo, não são bem sucedidos, porque o esquema dos piratas no mercado é mais forte, se comparado com o dos artistas.

A pirataria de certo modo agrava as dificuldades financeiras dos artistas, pelo facto de influenciar na redução das vendas dos discos originais, diz Azarias Samuel ou simplesmente AZ como é conhecido no mundo artístico. "É difícl encontramos um músico que já chegou a um nível considerável de venda de discos", conta.

Contributo da sociedade

Azarias Samuel
Azarias Samuel, músicoFoto: DW/E. Silvestre

O músico João Manjate pede o envolvimento de todas forças vivas da sociedade na luta contra a pirataria, como forma preservar os direitos dos artistas.

Porque segundo Manjate, se a pirataria continuar a dominar o mercado discográfico, será difícil o artista viver da arte. "Não conseguimos vender como queremos", afirma o músico.

A cantora Idalina Félix acredita que o artista tem que ser dinâmico perante o fenómeno da pirataria para que possa desenvolver melhor a sua arte. Desta forma, estará a lutar para garantir a carreira artística, sublinha Félix. Idalina Felix lembra também que, "por um lado, os piratas veem isto como uma oportunidade."

Em declarações à DW África, cidadãos em Pemba são unânimes ao afirmar que compram discos pirateados e consomem música pirata.

Entre vários cidadãos, o destaque vai para a opinião do jovem Hember Miguel, que admite consumir música em discos pirateados. "Porque também não temos muitos discos originais aqui", justifica.

Para Keven Calima, a falta de segurança faz com a indústria discográfica se torne vulnerável e leva a população a comprar discos pirateados. Calima recorda que "a maioria compra música pirateada."

Governo fica-se pelas palavras

Idalina Felix
Idalina Felix, cantoraFoto: DW/E. Silvestre

Momade Tame, delegado do Instituto Nacional das Atividades Económicas, afirma que a pirataria na indústria discográfica não só lesa a economia de Cabo Delgado, mas também de Moçambique em geral, por este comércio ser realizado num ambiente de fuga ao fisco.

"Esses produtores não sendo legais não pagam os direitos de produção. Não pagam o direito ao próprio autor", exemplific.

Apesar da gravidade da situação, Momade Tame enfantizou que estão engajados em ações de sensibilização para desencorajar a venda e produção de discos pirateados.

Entretanto, muitos músicos de Cabo Delgado continuam a criticar o fenómeno da pirataria e queixam-se ainda da falta de financiamento para a promoção da sua arte.

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