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Pillay quer autoridade nacional para os direitos humanos em Angola

Cristina Krippahl24 de abril de 2013

A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, constatou "grandes progressos em termos de direitos humanos" em Angola, mas sugeriu a criação de uma autoridade nacional para os monitorizar.

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Navi PillayFoto: AP

Nas palavras que dirigiu à imprensa após o seu encontro com o Presidente angolano José Eduardo dos Santos, Navi Pillay disse que Angola tinha “indubitavelmente” feito progressos notáveis nos dez anos desde o fim da guerra civil. A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos referiu os investimentos avultados do Estado angolano em infraestruturas e realçou os esforços empreendidos para livrar o país das minas antipessoal que continuam a fazer vítimas.

Mas Pillay, que se encontrou também com representantes da sociedade civil, concedeu que alguns aspetos do desenvolvimento angolano são controversos. A Alta Comissária referia-se, sobretudo, à “enorme disparidade entre os mais pobres e os mais ricos”, e à prática de expulsão da população para dar lugar a projetos de infraestruturas, sobretudo em redor e na capital.

Urgem soluções para muitos problemas

Por isso, Pillay insistiu, segundo as suas próprias palavras, junto do Presidente dos Santos na necessidade de atenuar as disparidades entre pobres e ricos nos próximos quatro a cinco anos. Além disso, devem ser começados a solucionar problemas “relacionados, como a corrupção, o desemprego, o elevado custo de vida e a pobreza extrema”, antes que a desilusão se alastre, especialmente entre os jovens do país.

Protestos contra alegadas irregularidades no processo eleitoral de Agosto de 2012
Protestos contra alegadas irregularidades no processo eleitoral de Agosto de 2012Foto: picture-alliance/dpa

No que toca os direitos humanos, a Alta Comissária disse ter insistido com José Eduardo dos Santos na necessidade de reforçar a proteção dos cidadãos, uma vez que “ o desenvolvimento de infraestruturas sem um desenvolvimento paralelo dos direitos humanos é insuficiente e está votado ao fracasso”. Pillay não excluiu mesmo que, em “determinadas circunstâncias” esta situação pode levar a distúrbios políticos e sociais.

Casos concretos

Durante encontros com vários responsáveis, a Alta Comissária focou os casos específicos do desaparecimento de dois organizadores de protestos de antigos soldados, que em maio de 2012 reclamaram o pagamento de pensões em atraso. Pillay realçou a importância de investigações credíveis e transparentes “sempre que ocorram denúncias de abusos” e que os perpetradores respondam perante a lei caso as ocorrências se confirmam.

Em todo o país - na foto Lubango - as autoridades impedem a realização de manifestações
Em todo o país - na foto Lubango - as autoridades impedem a realização de manifestaçõesFoto: DW

Outra preocupação da comissária é a falta de recenseamento de milhões de angolanos, incluindo 68% das crianças com menos de cinco anos. “Isto tem ramificações graves para a capacidade destas crianças no futuro poderem assumir o seu papel na sociedade, seja para encontrarem emprego ou receberem benefícios”. Para Pillay, o Governo devia tratar o recenseamento como uma prioridade.

Criação de uma autoridade para os direitos humanos

Para ajudar a precaver violações dos direitos humanos, Navi Pillay sugeriu a criação de uma “autoridade nacional dos direitos humanos”, com o objetivo de monitorizar o cumprimento das leis e ajudar a implantá-las. A comissária lembrou que mais de 100 países do mundo já têm instituições semelhantes “mas Angola não pertence a este número”.

Pillay quer autoridade nacional para os direitos humanos em Angola