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Perspetivas sombrias para a República Centro-Africana

Hilke Fischer18 de julho de 2014

Vai ser lançada mais uma tentativa de pôr cobro aos conflitos na República Centro-Africana. A esperança é que se trate de um primeiro passo no sentindo de uma paz duradoira no país.

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Foto: Getty Images/AFP/Pacome Pabandji

Para o conseguir, representantes das milícias inimigas séléka e anti-balaca daquele país, vão encontrar-se na capital da República democrática do Congo, Brazzaville, a partir de segunda-feira, 21 de julho.

Mas, ao que tudo indica, o desejo não vai passar de teoria. Assim que foi marcado o local do encontro, representantes da sociedade civil da República Centro-Africana começaram a ameaçar com um boicote das negociações. Numa declaração conjunta assinada por líderes políticos e religiosos constata-se ser "inaceitável" que os problemas do país sejam solucionados em Brazzaville.

Violência e atrocidades

E também a milícia séléka ameaça levantar problemas com uma localidade extraterritorial para as negociações. No sábado, 12 de Julho, Michel Djotodia foi reeleito líder da organização. Trata-se do responsável pelo golpe de estado que derrubou o então Presidente François Bozizé em Março de 2013 e se auto-proclamou chefe do Estado, desencadeando uma onda de caos e violência no país.

Zentralafrikanische Republik
O número de deslocados e refugiados supera o milhãoFoto: Reuters/Goran Tomasevic

Uma consequência foi a formação das chamadas milícias anti-balaka, maioritariamente cristãs, responsáveis por atrocidades cometidas contra contra muçulmanos.

Em dezembro de 2013, mediadores do Chade forçaram a demissão de Djotodia, que se exilou no Benine. O ex-golpista não foi convidado a participar nas negociações em Brazzaville. E o seu vice, igualmente recém-eleito, não pode viajar por ser abrangido pelas sanções impostas pelas Nações Unidas. Para já, a milícia promete enviar outros representantes.

Muitos pequenos acordos de paz

Mas mesmo que seja possível chegar a um acordo em Brazzaville, paras as pessoas na República Centro-Africana, pouco ou nada vai mudar, acredita Andreas Mehler, diretor do Instituto dos estudos Africanos GIGA em Hamburgo, que acrescenta: "Nenhum dos lados do conflito é representado por uma organização estruturada e com hierarquias reconhecíveis, que possa dar ordens que depois sejam cumpridas. Seria talvez mais adequado tentar uma série de pequenos acordos de paz nas diversas regiões, a par de acções de desarmamento a grande escala".

Zentralafrikanische Republik Zerstörungen in Bangui Moschee
Uma mesquita destruida, na capital, BanguiFoto: ISSOUF SANOGO/AFP/Getty Images

Para Mehler, um acordo de paz geral em Brazzaville terá apenas um significado formal para mandatos de tropas de paz internacionais ou projectos de desenvolvimento.

O país precisa de ajuda

A verdade é que o país necessita com urgência de ajudas. Segundo as Nações Unidas, (ONU), a quase totalidade dos 4,6 milhões de habitantes depende de assistência humanitária. Desde dezembro de 2012, já morreram vários milhares de pessoas e os refugiados atingiram o milhão. A organização de defesa dos Direitos Humanos, Human Rights Watch, receia que a violência se alastre par o leste e abranja novas regiões, diz o delegado da representação francesa, Jean-Marie Fardeau, que realça: "As atrocidades são cometidas em aldeias remotas, onde não chegam as tropas internacionais".

Este ativista deposita as suas esperanças nos 12 000 capacetes azuis das Nações Unidas, que em setembro deverão substituir as cerca de 6500 tropas de paz africanas. A França mantém 2000 soldados no terreno, onde estão estacionados outros 700 efetivos europeus da ONU. Mas o analista do GIGA, Mehler, adverte que a violência na República Centro-Africana tem que ser travada, de outra forma ela terá consequências nefastas para toda a região.

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