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Oposição em Angola pede retirada imediata da Missang da Guiné-Bissau

18 de abril de 2012

Tropas angolanas deveriam ter deixado o país em crise já no dia 14 de abril, mas a meta ainda não foi cumprida. Oposição angolana critica governo por ter enviado soldados sem conhecimento da Assembleia Nacional.

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Angolanische Soldaten sitzen am Mittwoch (13.07.2011) in Luanda in Angola auf einem Pickup. Bundeskanzlerin Merkel hat Angola auf ihrer Tour durch Afrika besucht. Foto: Michael Kappeler dpa Schlagworte International, Angola, Deutschland, Armee, Militär
Angola Soldaten Militär LuandaFoto: picture-alliance/dpa

Há mais de uma semana, as autoridades angolanas em Luanda anunciaram o fim da missão de apoio à reforma do sector de defesa e segurança da Guiné-Bissau (Missang). O início dessa retirada esteve marcado para o último sábado (14/04), mas a Missang ainda permanece naquele país lusófono.

O envolvimento de Angola na crise político-militar na Guiné-Bissau irritou a oposição, que pede o retorno imediato dos militares ao seu país. Segundo Alcides Sakala, porta-voz da UNITA, a presença dos militares angolanos na Guiné Bissau está na origem do clima de tensão que se criou e conduziu à atual situação.

"Esta força foi enviada sem o conhecimento da Assembleia Nacional de Angola e sem que tivesse havido alguma prudência por parte do Executivo angolano para que uma eventual força na Guiné-Bissau tivesse um mandato do Parlamento", criticou Sakala. Segundo ele, Angola se envolveu em uma situação complexa e não deveria tomar parte em nenhuma intervenção no país lusófono.

"Mesmo que se venha a constituir uma força [internacional], a nossa posição é que Angola não devia participar neste contingente, dada a situação que as forças angolanas criaram neste país africano amigo de Angola". Alcides Sakala, sublinhou ainda que o seu partido defende ponderação na abordagem do assunto, para que Angola não seja arrastada para um conflito de maiores proporções.

O Porta-voz da UNITA disse que o maior partido da oposição em Angola com representação parlamentar pensa interpelar o ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros de Angola para entender quais foram as motivações por trás do envio das tropas à Guiné-Bissau. "Nós não concordamos com o envio de forças sem um debate prévio na Assembleia Nacional. Angola está em paz há dez anos, tudo o que é matéria de relações internacionais é parte do interesse nacional", destacou.

Militärputscht in Guinea-Bissau
Partidos da oposição em Angola afirmam que o golpe militar na Guiné-Bissau foi motivado pela presença das tropas angolanas no paísFoto: picture-alliance/dpa

Soldados angolanos escorraçados

O Partido da Renovação Social (PRS), também na oposição em Angola, advoga o regresso urgente dos militares angolanos. Para Joaquim Nafoia, as forças angolanas só devem participar de uma ação na Guiné-Bissau se for no âmbito das forças da ONU.

"A forma como as Forças Armadas [angolanas] foram praticamente escorraçadas da Guiné-Bissau foi uma humilhação para o país e nós não podemos permitir. Apesar dos golpes fazerem parte do menu político dos guineenses, o Executivo em Angola tem parte na situação e, por isso, as Forças Armadas devem voltar já e o problema da Guiné-Bissau deve ser resolvido pelos próprios guineenses", exortou.

O porta-voz do PRS criticou ainda a falta de autorização prévia por parte do parlamento angolano. "O governo angolano não consultou a Assembleia Nacional. O povo angolano não teve conhecimento do envio dos seus filhos para a Guiné-Bissau e isso é grave. O presidente da república, mais uma vez, violou a Constituição, não respeitou os angolanos", disse Nafoia.

Também a Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE) já exigiu a saída imediata da Missang da Guiné-Bissau e atribui à comunidade internacional a responsabilidade de assegurar a estabilidade, a tranquilidade e a paz naquele país lusófono de África.

Autor: António Rocha
Edição: Francis França/Carla Fernandes