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Pegasus: Opositores africanos também sob vigilância

Wendy Bashi | Lusa
21 de julho de 2021

O software Pegasus também terá sido usado por pelo menos sete governos africanos. São mencionados a República Democrática do Congo, Marrocos, Togo e Ruanda.

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Uma mulher verifica o website da empresa israelita NSO GroupFoto: Mario Goldmann/AFP/Getty Images

Acredita-se que o software Pegasus, da empresa israelita NSO Group, tenha espiado os números de pelo menos 180 jornalistas, 600 políticos, 85 ativistas de direitos humanos e 65 líderes empresariais de diferentes países.

Entre os citados está Carine Kanimba, filha de Paul Rusesabagina (o herói do filme "Hotel Ruanda"), que está atualmente perante a justiça. A jovem aponta o dedo para as autoridades ruandesas.

"Estou chocada, um pouco assustada porque isso significa que eles têm acesso a todas as minhas informações, mas não estou desanimada porque conseguimos expor as táticas da ditadura ruandesa", disse Kanimba.

"Custa milhões ao Governo ruandês"

"O software da Pegasus está a custar milhões ao Governo ruandês e a decisão de grampear meu telefone, de monitorar-me - quando sabemos que há muitas pessoas no Ruanda que estão a morrer de fome, que precisam de medicamentos, que precisam de atenção, que precisam desse dinheiro para sobreviver -, o Governo ruandês prefere grampear meu telefone", continuou Carine Kanimba.

No Togo, o padre Pierre Marie Chanel Affognon, um ativista da sociedade civil, também terá sido vigiado. Como Carine Kanimba, ele critica as enormes somas de dinheiro usadas por seu país para fins de espionagem.

Israel NSO Group Bürogebäude
Edifício do NSO Group em IsraelFoto: picture-alliance/AP Photo/D. Cheslow

"Se cidadãos e homens religiosos são considerados um perigo potencial para a nação, eu ainda acredito que há algo a ser corrigido. E o custo deste software não pode ser ignorado! Quanto custou ao contribuinte togolês? Uma medida de justiça seria que aqueles que compraram este software reembolsassem o estado togolês e que este fundo fosse investido em trabalho social", disse o eclesiástico.

O NSO Group, que desenvolveu o software, assegura que seu programa só é utilizado para obter informações contra redes criminosas ou terroristas.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos apelou para uma melhor "regulamentação" da transferência de tecnologias de vigilância.

Lista com "pessoas de interesse"

Entretanto, o jornal norte-americano Washington Post revelou esta quarta-feira (21.07) que os números de telefone de 14 chefes de Estado e de Governo foram incluídos numa lista como pessoas de interesse pelos clientes da empresa NSO Group.  

Esta lista inclui o rei de Marrocos, Mohammed VI, o Presidente francês, Emmanuel Macron, o Presidente iraquiano, Barham Salih, o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, e o primeiro-ministro egípcio, Mostafa Madbouly.  

Também estão incluídos o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, o primeiro-ministro marroquino, Saad-Eddine El Ohtmani, o primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, o primeiro-ministro do Uganda, Ruhakana Rugunda, e o primeiro-ministro belga, Charles Michel. 
 

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