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ONU: 168 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária

Marcio Pessôa
4 de dezembro de 2019

Crise económica no Sudão e necessidades humanitárias na RDC, Somália e no Sudão do Sul preocupam a ONU. Subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, diz que número recorde de pessoas precisa de ajuda.

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Schweiz Genf UN Hauptquartier Mark Lowcock
Foto: picture-alliance/AP Photo/Keystone/S. Di Nolfi

As Nações Unidas estimam que uma em cada 45 pessoas no planeta vai precisar de ajuda humanitária em 2020. São 168 milhões de pessoas no total, o maior número desde a Segunda Guerra Mundial. As informações foram divulgadas esta quarta-feira (04.12) pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

O coordenador de ações de emergência da OCHA, Mark Lowcock salientou que fatores como a crise económica global, as mudanças climáticas e os conflitos estão a aumentar a vulnerabilidade das pessoas e a gerar crises humanitárias. "Com base nas tendências atuais, as nossas projeções mostram que mais de 200 milhões de pessoas poderão necessitar de assistência até 2022", disse Lowcock.

Demokratische Republik Kongo | Überfall auf UN-Lager in Beni
República Democrática do Congo deve receber ajuda humanitáriaFoto: Reuters/File Photo/O. Oleksandr

A crise económica no Sudão e as necessidades humanitárias na República Democrática do Congo, na Somália e no Sudão do Sul são os "principais motivos de preocupação das agências da ONU", salientou o coordenador.

Segundo a OCHA, as doenças infeciosas estão a tornar-se mais prevalentes e mais difíceis de serem controladas em África devido à debilidade dos sistemas de saúde, aos conflitos e à falta de acesso à vacinação. Nos primeiros três meses deste ano, houve 700% mais casos de sarampo do que no mesmo período do ano passado.

Trabalhadores humanitários em risco

Lowcock destacou que as oito piores crises alimentares do mundo estão ligadas a conflitos e choques climáticos. A crise humanitária no Iémen deverá continuar a ser a pior do mundo em 2020, com 80% da população em situação de vulnerabilidade. A ONU estima que o conflito na Síria desencadeie a maior crise mundial de refugiados, com 6,5 milhões a deixar a região.

ONU estima recorde de assistência humanitária

O ano de 2019 teve um dado especialmente negativo para os profissionais envolvidos na ajuda humanitária global: os ataques contra trabalhadores em unidades de saúde chegaram a 791 nos primeiros nove meses do ano, resultando em 171 mortes. O número é maior em comparação com 2018, quando houve 400 ataques e 131 trabalhadores humanitários foram mortos. 

Quanto aos impactos da crise económica no setor, dos 33 países de baixa renda que enfrentaram endividamento arriscado em 2019, 12 abrigam 40% das pessoas que precisam de ajuda humanitária. "A situação da economia mundial está diretamente relacionada com as necessidades humanitárias, e estamos preocupados que o esfriamento da economia mundial possa aumentar ainda mais a vulnerabilidade em países", disse Lowcock.

Assistência a crianças          

Kenia Flüchtlinge aus dem Südsudan | Flüchtlingszentrum in Kakuma
Crianças sul-sudanesas refugiadas no QuéniaFoto: Getty Images/AFP/

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) pediu mais de 4 mil milhões de dólares para o financiamento da "Ação Humanitária para as Crianças 2020". O diretor de Programas de Emergência da UNICEF, Manuel Fontaine, destacou que essa é a maior edição do projeto desde a sua criação em 2010 e deve atender 59 milhões de crianças em 64 países.

"O custo de fazer isso tende a aumentar. Está mais difícil, porque você quer ir às áreas, quer ter colegas nas localidades mais remotas. Uma vez nas localidades, eles precisam de ter comunicação e meios de proteção. Estamos a tentar ser mais eficientes nos gastos em geral e reduzir os custos, mas é importante levar em consideração que as ações estão a tornar-se mais difíceis e mais caras, o que explica alguns dos aumentos nos custos", disse Fontaine.

Dados da OCHA indicam que mais de 12 mil crianças foram mortas ou mutiladas em conflitos em 2018, um número recorde.

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