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O que é que a "Primavera Árabe" significa para a economia?

2 de novembro de 2012

Desde 2011, já foram depostos quatro chefes de Estado no mundo árabe. As revoluções no Norte de África e no Médio Oriente tiveram poucos reflexos económicos.

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"Primavera árabe" - manifestação no Cairo
"Primavera árabe" - manifestação no CairoFoto: Jonathan Rashad

As revoluções da chamada "Primavera Árabe" foram acima de tudo políticas e tiveram menos reflexos económicos. No entanto, os países do Norte de África e do Médio Oriente não eram economias socialistas de planeamento. Já existia no Egito, por exemplo, um sistema bancário que funcionava, diz Volker Perthes, diretor do Instituto Alemão para os Assuntos Internacionais e de Segurança, em Berlim. Mas, poucas pessoas tinham acesso ao capital: “Os bancos egípcios, em comparação com bancos internacionais, estão muito bem em termos económicos. Mas só atribuem crédito a membros de 30 famílias que têm bons contactos, que têm boas relações com o regime.”

O resultado está à vista: 99 por cento das empresas no Egito são pequenas empresas, com apenas alguns funcionários, diz por seu turno Markus Loewe do Instituto Alemão de Desenvolvimento. Para estas empresas, acrescenta Loewe, a convulsão política esteve associada a cortes graves: “Até agora, vêem-se sobretudo os efeitos negativos das revoluções. Em todos os países, o crescimento económico abrandou. Não se tornou negativo, mas caiu drasticamente". Segundo ele alguns setores económicos entraram em colapso, "especialmente os setores que têm vindo a produzir para os mercados domésticos. Isto porque os gastos dos consumidores nesses países caíram acentuadamente. Desde então, a incerteza sobre desenvolvimentos futuros tem desempenhado um papel importante.”

Manifestação na Praça Tahrir, no Cairo, durante a Primavera Árabe
Manifestação na Praça Tahrir, no Cairo, durante a Primavera ÁrabeFoto: Reuters

Incertezas afastam os investidores

Para o especialista do Instituto Alemão de Investimento, a incerteza afasta os investidores estrangeiros, enquanto os sistemas de formação ultrapassados reduzem a competitividade económica, apesar dos baixos salários. “Muitos dos salários pagos por trabalhos a tempo inteiro estão perto do limiar da pobreza. E estes trabalhadores ganham tão pouco, devido à sua educação e formação insuficientes, que a produtividade laboral em todos estes países é muito mais baixa do que na maioria dos países do Leste Asiático”, sublinha Markus Lowe.

Mas há também problemas financeiros. O novo governo egípcio está a lutar contra o défice crescente. As causas incluem a fraca conjuntura económica e o aumento de custos na concessão de empréstimos.

Há ainda os subsídios de energia e alimentos, que também deixaram um buraco no orçamento, como sublinha Hanan Morsy do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento: “Os subsídios representam um quinto de todos os gastos do governo, ou seja, 20 por cento. Os subsídios também evitam que haja investimentos privados que são absolutamente necessários, por exemplo em infraestruturas.”

Egito aguarda empréstimo do FMI

Christine Lagarde, diretora do Fundo Monetário Internacional, (ao centro) em visita ao Egito
Christine Lagarde, diretora do Fundo Monetário Internacional, (ao centro) em visita ao EgitoFoto: AP

O governo egípcio quer reformar o sistema de concessão de subsídios. Esta é também uma das condições prévias para um empréstimo de quase cinco mil milhões de dólares, que o Egito pediu ao FMI, o Fundo Monetário Internacional.
Segundo especialistas, os necessários investimentos em infraestruturas na região podem também ser vistos como uma oportunidade. Sobretudo para empresas do setor energético e ambiental, países como o Egito podem ser interessantes.

Autor: Andreas Becker / Madalena Sampaio
Edição: António Rocha


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