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Nyusi: um balanço dos primeiros 100 dias no poder

Nádia Issufo24 de abril de 2015

Nesta sexta-feira (23.04), Filipe Nyusi completa 100 dias como Presidente de Moçambique. Em entrevista à DW África, o especialista em boa governação Adelson Rafael avaliou este período do novo poder.

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Foto: DW/Leonel Matias

Os primeiros 100 dias de Filipe Nyusi na presidência foram marcados por dois pontos: a gestão da crise político-militar entre o Governo e a RENAMO, e a saída do anterior Presidente do país, Armando Guebuza, da liderança da FRELIMO, o partido no poder. De uma forma geral, o atual Presidente tem evidenciado bons indicadores em matéria de governação, como considera o especialista Adelson Rafael.

DW África: Que balanço faz deste primeiro periodo da presidência de Filipe Nyusi?

Adelson Rafael (AR): A avaliação é positiva porque há evidências de uma alteração de paradigma no que diz respeito à governação. O primeiro aspeto do novo paradigma refere-se a uma mudança no tipo de comunicação. Se num passado recente a comunicação entre o Presidente e os diferentes interlocutores era vertical, agora é notório o interesse em ter uma comunicação horizontal e sem exclusão. Isto tem em alguns momentos transferido ou influenciado os diferentes ministérios, com destaque para os da Educação e do Desenvolvimento Rural, onde há uma necessidade de revisitar os anteriores referenciais de governação. Outro aspeto que revela esta mudança de paradigma diz respeito ao interesse que o chefe de Estado tem em manter a paz e em ter os moçambicanos como o centro da sua intervenção. A médio prazo poderemos começar a ter resultados satisfatórios.

DW África: O calcanhar de Aquiles desta presidência, que foi a saída de Armando Guebuza da liderança da FRELIMO, foi resolvido durante estes 100 primeiros dias de governação. Em que medida acha que isso pode ser determinante na presidência de Nyusi nos próximos tempos?

Mosambik Amtseinführung von Filipe Nyusi
Filipe Nyusi tomou posse no dia 15 de janeiro de 2015Foto: picture-alliance/dpa/M. De Almeida

AR: Seria necessária essa bicefalia pelo menos por uns 6 meses, tendo em conta a experiência que se requer do Presidente. Por mais potencialidades que vejamos no Presidente Filipe Nyusi, não podemos esquecer que em termos de experiência prática, principalmente de governação, com excepção de como ministro da Defesa, ainda não teve a interação global que se requer. Um aspeto de extrema importância é que agora, mais do que nunca, o processo e a tomada de decisões não terão uma segunda ou terceira pessoa a quem atribuir culpas, porque se num passado recente a discussão era a de que os fracassos advinham da bicefalia, agora não há nenhuma possibilidade de esse fracasso ser repartido. Quanto aos benefícios que pode trazer, acho que já se estão a tornar visíveis. Filipe Nyusi, na governação do país e do partido, deixa de depender de outras pessoas para fazer escolhas, e isso é notório no discurso sobre a questão das negociações com o partido RENAMO, e sobre a questão de paz. As partes começam a ganhar forma e dimensão próprias.

DW África: Nyusi tem pautado a sua governação por visitas abertas aparentemente menos dispendiosas do que as da anterior presidência, usando carro em vez de helicóptero, por exemplo, e por um contato mais humano e próximo com a população. Esta estratégia visa demarcar-se da anterior presidência ou é realmente um modo de mostrar uma maior proximidade e um maior interesse para com os problemas reais da população?

AR: Não podemos esquecer que no discurso de investidura, por duas vezes o Presidente Nyusi mencionou a necessidade de austeridade e de uma maior redução de despesas. Para gerar coerência, nada melhor que o Presidente reduzir os gastos desnecessários, mas não retirar a metodologia introduzida pelo Presidente Guebuza das presidências abertas. Em termos práticos, estas trouxeram mais-valia para o país com a possibilidade de o Presidente ter contato direto com os problemas reais de Moçambique.


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