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Nyusi apela à unidade e Dhlakama insiste na autonomia

Arcénio Sebastião (Beira) / Lusa7 de abril de 2015

No arranque das comemorações dos 40 anos da independência de Moçambique, o Presidente Nyusi sublinhou que o país deve viver "sem medo de violência". O líder da RENAMO volta a defender a criação de autarquias provinciais.

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Filipe Nyusi (esq.) e Afonso DhlakamaFoto: picture-alliance/dpa/Pedro Sa Da Bendeira/Getty ImagesGianluigi Guercia/Montage

O líder da RENAMO esteve reunido na cidade da Beira, capital da província central de Sofala, com académicos moçambicanos, na segunda-feira (06.04), e com membros do Parlamento Juvenil, esta terça-feira (07.04). Os encontros foram convocados para "dissipar alguns equívocos" que Afonso Dhlakama diz existirem sobre a criação de províncias autónomas em Moçambique.

Nas eleições gerais de 15 de outubro do ano passado, o maior partido da oposição ganhou em cinco das 11 províncias do centro e norte do país e pretende agora governar em seis.

Convicto em ver a sua proposta aprovada pela Assembleia Nacional, o presidente da RENAMO explicou como irão funcionar as autarquias provinciais sob gestão do seu partido. "É um projecto para fazer com que possamos continuar em paz. A autonomia referida não é apenas partidária ou política, também é económica e financeira".

Segundo Dhlakama, "os serviços nacionais e as autarquias em conjunto continuarão a cobrar os impostos". O que significa que "haverá um bolo que vai poder ficar em Sofala para sustentar as despesas do governo autárquico provincial".

Académicos apoiam projecto

Os académicos presentes no encontro com Afonso Dhlakama mostraram-se otimistas em apoiar a proposta da RENAMO. Defendem que o projecto vai melhorar a governação do país.

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O docente universitário Baptista Maposse recorreu ao recente assassinato do constitucionalista Gilles Cistac – que defendia que a exigência da RENAMO tinha cobertura constitucional - para chamar a atenção do Governo para a criação das autarquias provinciais.

"Gostaria que não se repetissem os erros do passado, como os outros fizeram. Massacres e prisões sem culpa formada também não devem acontecer." Além disso, sublinhou ainda o académico, "tem de haver comida suficiente" para a população.

O Parlamento Juvenil de Moçambique (PJM), que participou na observação das eleições de 15 de outubro, também esteve reunido na manhã desta terça-feira (07.04) com o líder da RENAMO. No encontro falou-se da procura de soluções com vista a devolver a paz efectiva aos moçambicanos, disse Jossias Sixpense, coordenador provincial do PJM.

Tensão agrava-se

A tensão política em Moçambique tem vindo a agravar-se. Num comício na Beira, no fim-de-semana, Afonso Dhlakama ameaçou recorrer à força caso a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), no poder, não aprove o projecto de lei da RENAMO. Continua também a troca de acusações entre a RENAMO e o Governo sobre uma alegada movimentação de forças militares.

O país deve viver "sem medo de violência", afirmou esta terça-feira, em Mueda, na província nortenha de Cabo Delgado, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi. "Não há lugar para os moçambicanos se dividirem, para a exclusão de compatriotas, para nos tratarmos como inimigos, não há lugar para que um grupo de moçambicanos ameace os seus compatriotas", declarou o chefe de Estado no lançamento das comemorações dos 40 anos da independência do país.

O ato foi marcado pelo acender da "Chama da Unidade Nacional", que vai percorrer as 11 províncias até 25 de junho, dia em que Moçambique tornou-se independente de Portugal.

Dhlakama minimiza o impacto da iniciativa, sublinhando que não existe união em Moçambique. "As pessoas não estão unidas. Isto é uma fantochada", considerou o líder da RENAMO.

Fotoreportage Erinnerung Massaker von Mueda in Mosambik
A vila de Mueda foi palco de um massacre a 16 de junho de 1960, quando o exército colonial português matou manifestantes que protestavam pacificamente pela independênciaFoto: Gerald Henzinger
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