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No Gana oposição boicota empossamento do Presidente

Silva-Rocha, Antonio7 de janeiro de 2013

John Dramani Mahama tomou posse esta segunda-feira (07.01) na presença de chefes de Estado africanos e de uma multidão, mas na ausência da oposição, que contesta o resultado das eleições presidenciais de dezembro.

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No total nada menos que 13 chefes de Estado se deslocaram a Acra, capital do Gana, para assistir à cerimónia de investidura de John Dramani Mahama.

No seu discurso Mahama prometeu trabalhar afincadamente para a união do país: "Fiz um juramento, que como Presidente desta nação vou trabalhar duro, para colocar o país no caminho certo. E, durante este momento, é difícil fazer com que ultrapassemos os obstáculos que irão surgir pelo caminho. As promessas que fiz, pretendo mantê-las. Mas, meus concidadãos, mudanças não acontecem da noite para o dia. Conto convosco para manter a fé e a confiança que vocês depositam em mim como Presidente e prometo que não vos desapontar", declarou Mahama.

Entre os chefes de Estado estiveram, por exemplo, o sul-africano Jacob Zuma, o nigeriano Goodluck Jonathan, o beninense Yayi Boni, o senegalês Macky Sall ou ainda o costa-marfinense Alassane Ouatara.

Oposição ausente

Uma cerimónia que foi contudo boicotada pelo principal partido da oposição, o Novo Partido Patriótico (NPP), que insiste em denunciar, segundo ele, as irregularidades que mancharam a credibilidade das eleições gerais do último dia 07.12.

Mahama ganhou com 50,7% dos votos, contra 47,7% dos votos obtidos pelo principal candidato da oposição, Nana Akufo-Addo.

Os observadores locais e internacionais concordaram em considerar o ato eleitoral como "pacífico e transparente" num país visto como uma democracia exemplar no coração da África Ocidental, frequentemente atingida por problemas políticos.

Daí que segundo vários analistas, o primeiro desafio do Presidente John Mahama seja, sem dúvida, fazer com que a oposição à sua candidatura regresse ao jogo político por forma terminar o mais depressa possível com a crise eleitoral que dividiu grandemente o país.

Os desafios do Presidente

Emmanuel Bombandé, diretor executivo do WANEP, Rede Ocidental Africana para a Construção da Paz, afirmou em entrevista à DW África que "o país encontra-se politicamente dividido e, para o Presidente Mahama, a tarefa será de salvaguardar a unidade do país e trabalhar pela reconciliação dos ganeses."

Na opinião de Bombandé, essa reconciliação terá de ser feita no quadro de um programa de boa governação, e cita alguns dos pontos importantes para o bem estar do país, que merecerão a atenção de Mahama: "O novo Presidente terá que gerir a economia do país com equilíbrio e um projeto social inclusivo que vise promover nomeadamente a boa governação, por um lado, e por outro erradicar o problema da corrupção.

Reconciliar os ganeses, mas também encontrar uma resposta adequada para o grave problema do desemprego no seio dos jovens através de uma justa redistribuição dos benefícios gerados pelo petróleo será também um outro desafio que o Presidente John Mahama terá de enfrentar.

Boa parte da população está contente

Os ganeses que seguiram a cerimónia de investidura de John Mahama, estão confiantes no trabalho do novo Presidente.

Um deles disse a DW África: "Temos muita confiança no novo Presidente, porque quando foi vice-Presidente de Attah Mills, durante quatro anos, fez um bom trabalho. Acreditamos que irá agora fazer melhor."

Outro cidadão espera que o Presidente tome em conta também o factor inclusão na sua governação: "Desejo que ele faça tudo ao seu alcance para cuidar do país, sendo um bom Presidente para todos, não apenas para um partido mas para todos os ganeses."

Os níveis de confiança em relação ao novo Presidente são altos e repetem-se: "Estou feliz em ter John Mahama como meu Presidente, gosto dele. Quero que tenha uma boa agenda para o Gana, e se isso acontecer todos os ganeses estarão bem."

Mas não são só amores...

Mas, nem todos os ganeses estão satisfeitos com o novo Presidente. Os membros da oposição boicotaram a cerimónia e segundo Fred Oware, do NPP, o boicote da cerimónia não foi uma ação para sabotar o Presidente, mas sim contestar os resultados da eleição presidencial.

Oware argumenta: "Você tem a impressão que ir ao tribunal é um ato que não deve ser considerado. Mas de que outra forma a Constituição poderia prescreve isso senão indo ao tribunal?"

Por causa disso o membro da oposição esclarece que levaram o caso aos tribunais não porque perderam a eleição, mas porque são cumpridores da lei.

Oware conclui: "Acreditamos no Estado de direito, na legalidade e por esta razão vamos submetermo-nos à disposição e aos ditames da Constituição e fazer o que estamos a fazer."

Mahama, de 54 anos de idade, tornou-se Presidente na sequência da morte súbita
do predecessor John Atta Mills, do qual era o vice-presidente, em julho de 2012.

Autor: Abu-Bakarr Jalloh / António Rocha
Edição: Nádia Issufo / Renate Krieger