Nigéria: Presidente apela ao fim do "derramamento de sangue"
4 de agosto de 2024Milhares de pessoas começaram a sair às ruas da Nigéria na semana passada para protestar contra as políticas governamentais e o elevado custo de vida.
A organização de defesa dos direitos humanos, Amnistia Internacional, acusou as forças de segurança de matarem pelo menos 13 manifestantes no primeiro dia de protestos, na quinta-feira (01.08), enquanto a polícia diz que sete pessoas morreram e nega a responsabilidade.
Num discurso transmitido pela televisão, o Presidente da Nigéria, Bola Ahmed, Tinubu instou os manifestantes a "suspenderem qualquer protesto e a criarem espaço para o diálogo", nos seus primeiros comentários públicos desde o início das manifestações.
"Ouvi-vos em alto e bom som. Compreendo a dor e a frustração que motivam estes protestos e quero assegurar-vos que o nosso Governo está empenhado em ouvir e responder às preocupações dos nossos cidadãos", afirmou.
"Mas não podemos deixar que a violência e a destruição destruam a nossa nação", advertiu. "Temos de impedir mais derramamento de sangue", continuou.
"Acabe com o sofrimento e a fome"
Cerca de 700 pessoas foram detidas durante os dois primeiros dias do protesto, segundo a polícia, sob a acusação de "assalto à mão armada, fogo posto" e destruição de bens”.
No discurso, Tinubu sublinhou que "as forças da ordem devem continuar a manter a paz, a lei e a ordem no país, em conformidade com as convenções sobre direitos humanos de que a Nigéria é signatária".
Os participantes nas manifestações, apelidadas de #EndbadGovernanceinNigeria ("Acabem com a má governação na Nigéria"), pedem ao Presidente que anule algumas reformas, como a suspensão dos subsídios aos combustíveis, e que "acabe com o sofrimento e a fome".
No entanto, na intervenção, Tinubu defendeu a sua atuação e garantiu que as medidas beneficiariam os jovens e a economia em geral.
Antes dos protestos de quinta-feira, os funcionários do Governo tinham apelado ao público para que desse tempo às reformas, enumerando uma série de medidas propostas para aliviar as dificuldades económicas, incluindo um aumento do salário mínimo e a entrega de cereais aos vários estados do país.