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Nigéria assinala quarto aniversário do sequestro de Chibok

AFP | mjp
14 de abril de 2018

Há quatro anos, mais de 200 alunas de uma escola na capital do estado de Borno foram sequestradas pelo Boko Haram. Milhares de pessoas marcharam este sábado pela libertação das centenas de vítimas ainda em cativeiro.

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Nigeria - Heimkehr der Chibok Mädchen
Foto: Reuters/A. Sotunde

A Nigéria assinala este sábado o quarto aniversário do sequestro de mais de 200 estudantes em Chibok, no nordeste do país, renovando os pedidos para a sua libertação e das centenas de outras pessoas ainda nas mãos do grupo extremista islâmico Boko Haram.

Mães e pais das estudantes sequestradas marcharam ao lado de milhares de pessoas até à escola secundária em Chibok, no estado de Borno, onde 276 alunas foram raptadas a 14 de abril de 2014.

Quatro anos depois, 112 continuam em cativeiro e tornaram-se um símbolo dos abusos da insurgência islâmica no nordeste da Nigéria.

Os pais cujas filhas já foram libertadas usaram túnicas brancas na cerimónia de duas horas que teve lugar este sábado, em Chibok. Mães e pais que ainda não recuperaram as suas filhas usaram túnicas pretas.

"Rezamos apenas para que as nossas meninas sejam libertadas e voltem para nós”, disse Hannatu Daudu, cuja filha, Saratu, continua nas mãos do Boko Haram. "Precisamos de saber se estão vivas ou mortas. Se estão vivas, deixem-nas voltar. Se estão mortas, digam-nos, para que possamos, pelo menos, rezar por elas e ultrapassar esta dor", pediu.

A cerimónia em Chibok, que contou com orações cristãs e muçulmanas, foi uma das várias vigílias e protestos que marcaram o quarto aniversário do sequestro um pouco por toda a Nigéria.

Nigeria | Mutter mit Fotos ihrer 2014 entführten Tochter
Rebeca Samuel, mãe de uma das alunas sequestradas em ChibokFoto: Thomson Reuters Foundation/O. Okakpu

Apelos ao Governo

O Presidente da Nigéria em 2014, Goodluck Jonathan, foi fortemente criticado pela sua resposta ao sequestro de Chibok. O seu sucessor, Muhammadu Buhari, tem sido mais bem sucedido. Desde 2016, 107 meninas foram encontradas. Foram libertadas ou escaparam através de um acordo entre o Governo e Boko Haram e as autoridades afirmam que prosseguem as conversações para novas libertações e o potencial fim do conflito.

"Rezamos por todos os nigerianos que estão sob o controlo do Boko Haram", disse à agência de notícias AFP Yakubu Nkeki, líder da associação dos pais das estudantes sequestradas. "Que o Governo faça o seu melhor para que todos os cidadãos nigerianos nas mãos do Boko Haram sejam libertados este ano", pediu.

Buhari, que espera ser reeleito no próximo ano, disse aos pais das estudantes de Chibok que as suas filhas "nunca serão esquecidas ou abandonadas à sua sorte".

O Presidente tem alegado repetidamente que o Boko Haram foi praticamente derrotado, mas as ameaças à segurança mantêm-se, apesar dos ganhos do exército.

Em fevereiro, combatentes leais a uma facção do Boko Haram liderados por Abu Mus'ab al-Barnawi sequestraram 112 estudantes na localidade de Dapchi, no estado de Yobe. 107 foram libertadas em meados de março. Cinco terão morrido, enquanto uma estudante – a única cristã do grupo – continua em cativeiro.

Raparigas de Chibok reencontram famílias

Buhari afirmou que o regresso de tantas alunas de Dapchi e Chibok "deve dar confiança de que a esperança não está perdida" e "mostra que o Governo está a fazer o seu melhor".

Alguns pais de Dapchi marcaram presença em Chibok, este sábado, em sinal de solidariedade.

Muhammadu Buhari fala em "recuos inesperados" nas conversações, devido a conflitos internos no Boko Haram. "Continuaremos a insistir e os pais, por favor, não podem desistir", frisou.

O sequestro como arma de guerra

O Boko Haram tem vindo a usar os sequestros como arma de guerra durante o conflito, raptando mulheres e meninas para serem usadas como escravas sexuais ou bombistas suicidas, bem como homens e rapazes para lutar.

Esta semana, a UNICEF anunciou que se confirma o sequestro de mais de mil crianças non nordeste da Nigéria desde 2013, embora o número real deva ser muito superior.

O diretor da Amnistia Internacional na Nigéria Osai Ojigho, considera que o sequestro de Chibok é parte de um problema maior. O Governo deve mostrar "acções significativas em nome de todas as vítimas dos crimes do Boko Haram" e  "dar muito mais apoio às vítimas do passado", acrescenta.

Já o International Crisis Group diz que o sequestro de Dapchi mostra que deve ser feito mais para proteger as crianças das escolas da região.