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Na Nigéria prolongamento do estado de sítio é desvalorizado pela oposição

Ubale Musa / Maria João Pinto20 de novembro de 2014

Um pedido de extensão por 6 meses do estado de emergência no nordeste da Nigéria, apresentado pelo Presidente Goodluck Jonathan para continuar a ofensiva contra o grupo radical Boko Haram, está a dividir o Senado.

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Militantes do Boko HaramFoto: picture alliance/AP Photo

Nos últimos dias, a discussão da proposta para prolongar o estado de emergência nos estados de Adamawa, Borno e Yobe – os mais afetados pelos ataques dos radicais islâmicos – chegou a um impasse, com os críticos a afirmar que a medida imposta em maio do ano passado, tem sido um completo fracasso, registando-se mesmo um aumento da violência na região.

Até agora, os representantes do Senado recusaram votar a proposta do Presidente nigeriano. Na quarta-feira (19.11), os senadores exigiram ouvir depoimentos de altos oficiais do exército antes de dizerem sim ou não ao alargamento do estado de emergência no nordeste do país, cujo prazo termina esta quinta-feira (20.11).

Os representantes dos 3 estados afetados já garantiram que vão votar contra o pedido de Jonathan. Ahmed Lawan é senador do estado de Yobe: “Aceitámos, no passado, alargar o estado de emergência e garantimos dois pedidos de extensão. Este prolongamento de 18 meses não resultou. Não faz sentido continuar no mesmo caminho."

Extensão do estado de emergência não faz diferença

Symbolbild Nigeria Armee
O exército nigeriano não conseguem pôr temo as ações do Boko HaramFoto: picture alliance/AP Photo/Gambrell

Para Lawan a continuidade do estado de emergência é irrelevante: "Temos de definir as nossas prioridades e táticas para controlar a insurgência no nordeste. Estou convencido de que uma nova extensão não fará qualquer diferença.”

Nos últimos 18 meses, os radicais islâmicos do Boko Haram ganharam terreno no país e a violência continua a um ritmo incansável. Mais de 13 mil pessoas morreram desde o início da insurreição, em 2009, e o Boko Haram afirma ter sob controlo mais de 24 cidades na sua luta pela imposição de um Estado Islâmico no norte da Nigéria.

Adamawa, Borno e Yobe, considerados bastiões do APC, o maior partido da oposição, são os 3 estados no epicentro dos ataques dos radicais islâmicos.

Se a proposta de Goodluck Jonathan for aprovada, a região poderá estar sob estado de emergência nas próximas eleições gerais, em fevereiro, e a oposição já deixou o alerta: a integridade da votação será posta em causa caso as dezenas de milhares de pessoas das áreas afetadas não conseguirem votar.

Presidente é alvo de críticas

Dermen Shehu, analista político nigeriano, considera que o problema do estado de emergência é, desde o início, a falta de um modelo claro, reduzindo-se à colocação de alguns soldados no nordeste do país: “Acredito que nunca houve um modelo. O estado de emergência é uma questão política, que incapacitou os políticos destes estados, porque não pertencem ao partido no poder."

Nigerianischer Präsident Goodluck Jonathan 11.11.2014
O Presidente Goodluck Jonathan candidata-se às presidenciais de 2015Foto: picture-alliance/AP

O analista critica ainda o Presidente nigeriano: "Lembro que o próprio Presidente afirmou que a insurgência não estava em nenhum estado do Partido Democrático do Povo, o partido no poder. Como é que um chefe de Estado pode fazer uma afirmação tão ridícula? Ele deveria ter apresentado um modelo que mostrasse que o exército era capaz de levar a cabo um ataque para incapacitar os insurgentes."

De acordo com um comunicado do exército nigeriano, as atuais operações militares no nordeste da Nigéria têm como objectivo “limpar” todas as áreas ocupadas pelos terroristas.

Na última terça-feira (18.11), tropas nigerianas, apoiadas por civis, conseguiram recuperar Gombi e Hong, duas cidades capturadas pelo Boko Haram na semana passada.

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