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Moçambique vai distribuir gás natural a partir de 2012

27 de dezembro de 2011

Moçambique vai deixar de importar o gás que produz a partir do próximo ano. A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos está a finalizar um estudo de viabilidade para distribuir gás natural de Pande, na província de Inhambane.

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Maputo ressentiu-se durante quase três meses da falta de gásFoto: picture-alliance / maxppp

Moçambique possui recursos energéticos que não beneficiam diretamente os seus cidadãos. É o que acontece, por exemplo, em relação ao gás natural produzido em Temane, na província de Inhambane (no sul do país), e à energia elétrica produzida em Cahora Bassa na província de Tete (na região centro), que são exportados para a África do Sul. No país vizinho, aqueles recursos energéticos naturais são processados, para serem distribuídos e vendidos tanto para consumo interno como para Moçambique.

A dependência energética em relação à poderosa África do Sul já originou situações de sufoco. Devido a uma avaria numa máquina de enchimento de gás natural naquele país, este ano, a capital moçambicana, Maputo, e cidades dos arredores, ressentiram-se durante quase três meses da falta de gás.

Para evitar este tipo de constrangimentos, o país de língua portuguesa na costa leste de África pretende deixar de depender da África do Sul e de importar o seu próprio gás. Nesse sentido, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos está a terminar um estudo de viabilidade para distribuir o gás natural.

Nelson Ocuane, da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, esclarece que "o que vamos fazer nos próximos anos, é trabalhar para que o mercado cresça e as infra-estruturas sejam estabelecidas para que o gás natural seja consumido internamente", mas confessa que existe "o risco de investimento".

Canalização do gás está a avançar

Maputo Mosambik
Moçambique pretende deixar de depender da África do Sul na distribuição do seu próprio gás naturalFoto: picture-alliance / maxppp

A instalação da tubagem para a distribuição de gás na cidade de Maputo e cidades limítrofes já está numa fase avançada. Paulino Gregório, responsável pela área de projetos da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, explica que "é importante verificar que a canalização do gás natural seja feita através de uma tubagem que vai por fora do edifício e diretamente para a cozinha ou para o fogão" e que "não se verifique grandes problemas nem grandes riscos em relação a isso".

Foram identificadas 250 mil famílias na cidade de Maputo que, numa primeira fase, vão consumir o gás natural. O projeto de distribuição de gás natural representa um investimento global de cerca de 80 milhões de euros.

A prioridade na fase inicial de distribuição vai para os grandes consumidores nacionais que foram os mais afetados com a falta do produto, durante três meses, nomeadamente hospitais, padarias e hotéis.

Um projeto com futuro

O presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, Nelson Ocuane, explica que a empresa petroquímica sul-africana Sasol produz gás, detendo 70% da produção. No entanto, não compromete a distribuição para Moçambique.

Na opinião de Paulino Gregório, a distribuição de gás natural em Moçambique pela Empresa Nacional de Hidrocarbonetos "é um projeto com pernas para andar". Acrescenta que "as condições materiais estão criadas para que possamos, de fato, implementar o projeto e resolver o grande problema de falta de combustíveis no país".

Nelson Ocuane refere que "existem cinco pontos de distribuição que estão preparados para abastecer o mercado nacional de gás natural. Dois pontos estão a ser usados neste momento: um em Temane (na província sulista de Inhambane) e outro na região de Ressano Garcia (na província de Maputo, também no sul).

O ponto de distribuição de Temane conduz o gás para os distritos de Vilankulo, Inhassoro e Nova Mambone (em Inhambane) e o ponto de Ressano Garcia leva o gás ao parque industrial da Matola (a segunda maior cidade da província de Maputo, no sul do país) e à capital, onde nalgumas zonas a distribuição é feita também através de camiões".

Em relação ao consumo de energia elétrica de Cahora Bassa, em Tete, no centro do país, Moçambique traçou um projecto que visa transportar este recurso diretamente para Maputo em vez de ir a África do Sul, como acontece agora, para a sua transformação.

Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Glória Sousa / António Rocha