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RENAMO promete lutar por Manuel de Araújo em Quelimane

12 de janeiro de 2019

Líder interino, Ossufo Momade, acusa FRELIMO de usar "instrumento diabólico" para travar tomada de posse, depois de tribunal ter rejeitado o recurso do autarca de Quelimane, que pretendia a anulação da perda de mandato.

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Marcha de Manuel de Araújo para celebrar os sete anos da sua governação no município de Quelimane, em dezembro.Foto: DW/M. Mueia

A RENAMO está descontente com os últimos desenvolvimentos em Quelimane, onde o edil Manuel de Araújo poderá ser impedido de tomar posse em fevereiro como presidente do Conselho Autárquico, e "será obrigada a agir" caso a situação prevaleça.

O líder interino do maior partido da oposição, Ossufo Momade, transmitiu a posição da Resistência Nacional Moçambicana este sábado (12.01) numa teleconferência à imprensa na Zambézia.

Em causa, a decisão do Tribunal Administrativo de Moçambique, anunciada na sexta-feira, de rejeitar o recurso do autarca de Quelimane, que pretendia a anulação da perda de mandato, decidida pelo Conselho de Ministros em agosto do ano passado.

O Conselho de Ministros decretou na ocasião a perda do cargo de presidente do município de Quelimane, centro de Moçambique, por parte de Manuel de Araújo, após o autarca ter decidido concorrer pela RENAMO a um novo mandato na liderança da cidade, quando ainda cumpria as mesmas funções para às quais concorreu e foi eleito pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

Mosambik: Ossufo Momade, Chef der größten Oppositionspartei RENAMO
Ossufo MomadeFoto: Getty Images/A. Barbier

O autarca recorreu ao Tribunal Administrativo da decisão do Governo moçambicano, com o fundamento de que não lhe foi dada a oportunidade de se defender em sede do contraditório e que ao caso foi aplicada lei errada.

Em acórdão divulgado na sexta-feira, em Maputo, aquele órgão de jurisdição administrativa considerou improcedente o recurso de Manuel de Araújo, condenando ainda o edil a pagar as custas do processo, no valor de 10 mil meticais (cerca de 141 euros).

O acórdão não faz menção aos efeitos sobre o novo mandato que Manuel de Araújo conquistou, com a vitória nas eleições autárquicas do dia 10 de outubro do ano passado e cuja posse vai acontecer em fevereiro, dado que o recurso era sobre o mandato que o autarca cumpria desde 2014. 

Nesse sentido, ainda não está juridicamente claro se Manuel de Araújo está habilitado a tomar posse para um novo mandato em função da vitória nas últimas eleições autárquicas ou se o acórdão do Tribunal Administrativo divulgado impede esse acto. 

RENAMO "jamais vai ceder a chantagens" da FRELIMO

O acórdão do tribunal administrativo, datado de 21 de dezembro, está a gerar revolta entre os membros e simpatizantes do maior partido da oposição moçambicana.

Falando aos jornalistas, este sábado, o líder interino da RENAMO, Ossufo Momade, disse estar descontente com a possibilidade de Manuel de Araújo ser impedido de tomar posse entre os dias 8 e 14 de fevereiro como presidente do Conselho Autárquico de Quelimane.

Em teleconferência, Ossufo Momade disse que a FRELIMO usou um "instrumento diabólico e satânico, o tribunal administrativo" para travar a tomada de posse.

Manuel de Araújo
Manuel de AraújoFoto: DW/M. Muéia

"O futuro da democracia, da paz e do Estado democrático estão  nas mãos do povo. A RENAMO jamais vai ceder a essas chantagens políticas", garantiu. "Juntamente com os munícipes da cidade de Quelimane não permitiremos que a FRELIMO continue a fazer o processo eleitoral".

Acórdão polémico em vésperas de Congresso

Entretanto, o cabeça de lista eleito pela RENAMO na autarquia de Quelimane, Manuel de Araújo, diz que foi apanhado de surpresa e não tem conhecimento do acórdão emitido pelo Tribunal Administrativo, que considera inconstitucional e ilegal o recurso interposto pelo aurarca para impugnar a decisão da perda de mandato.

Ossufo Momade diz que o partido será obrigado a agir caso Araújo seja impedido de tomar posse: "Não vamos tolerar, os munícipes votaram em quem os deve governar, o Conselho Constitucional validou e proclamou a vitória da RENAMO. A soberana vontade popular prevalecerá".

O acórdão que compromete a tomada de posse de Araújo é, por estes dias, o centro das conversas na cidade de Quelimane. Em barracas e mercados, os munícipes questionam quem será realmente o presidente do Conselho Autárquico. 

Mosambik José Manteigas
José ManteigasFoto: DW/M. Mueia

As declarações de Ossufo Momade relativamente ao acórdão do Tribunal administrativo sobre Manuel de Araújo surgem a poucos dias do início da Conferência Nacional da RENAMO, a decorrer na próxima semana na serra da Gorongosa.

O porta-voz da RENAMO, José Manteigas, que se encontra em Quelimane, referiu que, neste momento, estão criadas todas as condições e para o encontro e que a província da Zambézia far-se-á representar com cerca de 100 membros que testemunharão quem será o novo homem forte da RENAMO, em substituição do antigo líder Afonso Dhlakama, que morreu em maio do ano passado.

Para José Manteigas, "um dos pratos fortes nesta Conferência Nacional é a análise das eleições autárquicas  de 10 de outubro". A RENAMO, acrescenta, vai "também  traçar novas estratégias para as eleições gerais que este ano vão decorrer".

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