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Moçambique: Membros da RENAMO fogem com medo de perseguições

15 de dezembro de 2016

Pelo menos sete membros da RENAMO na Assembleia Provincial da Zambézia abandonaram o posto de trabalho e estão em lugar incerto. 

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Foto: DW/J. Beck

"Neste preciso momento, há sete colegas que foram perseguidos de morte. E para preservarem as suas vidas acabaram por ficar em lugares incertos", denuncia Betinho Jaime, presidente da Assembleia Provincial da Zambézia, centro de Moçambique. Todos são membros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e deputados da assembleia provincial da Zambézia. "Estão vivos e de saúde, mas em lugar incerto", acrescenta Betinho Jaime, que tem falado com os familiares dos desaparecidos.

O presidente da Assembleia Provincial afirma que o problema não se restringe àquelas sete pessoas. "As assembleias provinciais que são dirigidas pela RENAMO têm problemas sérios de perseguição. Essas províncias estão a passar por maus bocados. Os nossos colegas nessas províncias estão a desaparecer em plena luz do dia. Se não forem raptados, e nunca mais voltam, são alvejados a tiro na sua residência. Até hoje não há nenhum trabalho que nos traga luz em relação aos autores" [dessas perseguições], alerta Betinho Jaime.

Mosambik Betinho Jaime RENAMO
Betinho Jaime, presidente da Assembleia Provincial da ZambéziaFoto: DW/M. Mueia

O próprio Betinho Jaime denunciou ter sido alvo de um ataque, em outubro. Homens desconhecidos invadiram, durante a noite, a sua residência oficial, onde estavam também a esposa e os filhos.

Segundo do político da RENAMO, os polícias que os deviam proteger não estavam no posto de fiscalização. "Até hoje a única declaração que prestei foi na PIC [Polícia de Investigação Criminal]. Não fui ouvido pelo Ministério Público e eu também não insisti mais. Não fiquei satisfeito com as declarações do antigo porta-voz da Polícia da República de Moçambique, o senhor Jacinto Felix, que, pelo contrário, foram no sentido de promover o inimigo para tirar a minha vida", critica Betinho Jaime.

"Ele disse que eu vivo em segurança. Mas a preocupação dele deveria ser: se está protegido, como é que o inimigo entrou? Onde é que estava o agente de proteção?", acrescenta o membro do principal partido da oposição moçambicana.

RENAMO pede transferências entre províncias

"Para mim é como um duelo. Fomos à corrida eleitoral, que é um jogo. E o jogo diz que quem marca mais tem golos e pode pontuar. Não pode surgir outro ["jogador"] a ignorar os golos e a perseguir os jogadores do outro" [lado], afirma Betinho Jaime numa subtil crítica ao partido FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), no poder.

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A RENAMO sublinha que já perdeu conta ao número de membros que, nos últimos meses, têm sido raptados ou mortos. O presidente da Assembleia Provincial da Zambézia, Betinho Jaime, pede, por isso, a transferência de membros da RENAMO para outras províncias ou círculos eleitorais. Jaime defende que, neste momento, os membros das Assembleias Provinciais deviam ser de outras zonas, por razões de segurança.

O porta-voz do comando da polícia na Zambézia, Miguel Catenao, não avançou qualquer informação relacionada com estas perseguições. Garantiu dar informações detalhadas depois dos trabalhos com a Polícia de Investigação Criminal na Zambézia. 

Em Maputo, o Governo e a RENAMO continuam a não chegar a um consenso para pôr fim ao conflito político-militar em Moçambique. O maior partido da oposição no país continua a exigir governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014. O Governo moçambicano não cede.

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