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Moçambique: Greve dos médicos afeta doentes em Maputo

6 de dezembro de 2022

Utentes queixam-se da demora no atendimento em hospitais e centros de saúde devido à greve dos médicos. Unidades sanitárias garantem funcionamento dos serviços de urgência. Médicos criticam nova Tabela Salarial Única.

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Foto ilustrativaFoto: Romeu da Silva

O Ministério da Saúde disse na segunda-feira (05.12) que todos os hospitais do país estavam a funcionar "normalmente". No entanto, em algumas unidades hospitalares em Maputo, onde a DW esteve esta terça-feira (06.12), as consultas externas funcionavam de forma condicionada. 

"Estamos aqui desde as cinco [da manhã] e não estamos a ser atendidos", disse uma utente. "Também estou aqui desde manhã e não estou a ser atendida", acrescentou outra. "As pessoas estão a abandonar, porque não estão a ser atendidas", lamentou ainda outra doente.

Consultas externas paralisadas

No Hospital Geral José Macamo, na cidade de Maputo, vários médicos das consultas externas não se apresentaram ao trabalho, o que obrigou à suspensão dos serviços.

"As consultas externas estão paradas. São aquelas consultas marcadas. Não são situações de urgência e, nesse caso, temos médicos de greve, à exceção de consultas de grávidas, que estão a ser encaminhadas para as enfermarias, porque na maternidade e noutros serviços há um médico de escala", explicou a diretora clínica Andrea Neves.

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Greve dos médicos deve durar 21 dias e pode afetar unidades de saúde de todo o paísFoto: DW/S. Lutxeque

No Hospital Geral de Mavalane, também em Maputo, vários médicos não se apresentaram ao trabalho, e as consultas externas estavam a funcionar a meio-gás.

"Se é um paciente que está descompensado, está lá um médico no serviço de urgência. Normalmente, vê-se caso por caso e depois é remarcado para outro dia. Nisso não há problema, está tudo assegurado", garantiu a diretora clínica Maria Helena, que frisou que os serviços mínimos estão a ser cumpridos.

O ministro da Saúde, Armindo Tiago, criticou os médicos - que tinham adiado a greve em novembro -, defendendo que estes profissionais não se podem colocar numa situação em que querem ser os únicos a ganhar.

"Nós estamos satisfeitos com a boa-fé que o Governo fez nesse processo. Uma boa negociação, uma negociação de verdade, é aquela em que todos crescem com a negociação, mas todos ganham. Se houver a tendência de alguém querer ganhar, perde-se o conceito de uma negociação", criticou o político.

Armindo Tiago
Armindo Tiago, ministro da Saúde de MoçambiqueFoto: Roberto Paquete/DW

Insatisfação com a Tabela Salarial Única

Os médicos queixam-se do incumprimento das suas reivindicações na aplicação da nova Tabela Salarial Única (TSU).

A Associação Médica de Moçambique ainda não se pronunciou sobre o estado da greve, mas numa conferência de imprensa, na sexta-feira passada (02.12), o presidente da agremiação, Milton Tatia, disse que, durante as negociações, apenas quatro das 14 reivindicações foram respondidas.

"O Governo continua até hoje sem querer cumprir a lei. Nós temos o nosso estatuto, uma definição de 40% para o subsídio de exclusividade, e o Governo reduziu para 5% sem nenhuma explicação. É um dos pontos onde houve regressão em relação àquilo que se vinha pagando", sublinhou o responsável.

A greve deverá durar 21 dias e não deve afetar os serviços de urgência.