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Cidadãos denunciam violência e ameaças após eleições

18 de outubro de 2019

Na província da Zambézia, um locutor de rádio e um observador eleitoral relatam ter sido vítimas de agressões e ameaças de morte por parte de desconhecidos ou da polícia. Comando policial nega casos de violência.

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Filas para a votação no bairro de Coalane, em QuelimaneFoto: DW/M. Mueia

Depois das eleições gerais de terça-feira (15.10) em Moçambique, há denúncias de ameaças e espancamentos.

Na província da Zambézia, centro do país, o locutor Tomé João, da Rádio Chuabo, conta em entrevista à DW África que desconhecidos o ameaçaram de morte e invadiram a sua residência.

Mosambik | Tomé João, Journalist von Rádio Chuabo
Tomé João, locutor da Rádio Chuabo, sofreu ameaças e agressõesFoto: DW/M. Mueia

"No dia 15 de outubro, conduzi uma emissão especial sobre o processo de votação. Depois de terminar o turno, recebi algumas ligações anónimas de pessoas estranhas, a ameaçar-me. Na madrugada de quinta-feira [17.10], indivíduos desconhecidos com armas, enxadas e catanas introduziram-se na minha casa, levaram alguns bens, torturaram-me e ameaçaram-me de morte", afirma.

Leia mais: ++ Minuto a Minuto: Resultados das eleições em Moçambique ++

Tomé João não sabe se as ameaças de morte que sofreu têm motivações políticas. Mas diz estar bastante abatido com a situação. 

Outra denúncia

O observador nacional Dalton Mussa denuncia que agentes da polícia o agrediram no dia seguinte às eleições. Mussa estava no bairro de Icidua, em Quelimane, a reportar um cenário de tiroteio e violência.

"No dia 16, lá para as quatro da manhã, a polícia chegou lá, porque o povo de Icidua estava a fazer barulho", conta Mussa em entrevista à DW África. "Um dos polícias percebeu que eu estava a tirar fotos e veio ter comigo à sala de votação. Levou o meu telefone e bateram-me com chamboco no braço e na perna. Até agora me está a doar. Puseram-me no carro até à terceira esquadra e, depois de algumas perguntas, soltaram-me. Passei no hospital, levei alguns medicamentos e já estou a tomar".

Cidadãos denunciam violência e ameaças após eleições

Mussa considera cruel a atitude da polícia: "Eles bateram-me. Eu estava credenciado. Para mim, aquilo foi uma humilhação. Outras coisas que eles me fizeram não tenho vontade de contar", diz o observador nacional.

Polícia nega violência

O porta-voz do Comando da Polícia na Zambézia, Sidner Lonzo, refere em entrevista à DW África que os agentes atuaram de acordo com a lei durante o processo de votação, e não houve anomalias constatadas.

"Nós não torturámos ninguém. Os nossos colegas, quando foram lá ao terreno para proceder à segurança deste processo, sabiam que era uma enorme responsabilidade. Todas as nossas ações foram lícitas. Não tivemos nenhum registo em nenhuma subunidade de casos em que um jornalista ou um observador tenham sidos inibidos de fazer este processo", sublinhou.

Sidner Lonzo sublinha ainda que o processo de votação na Zambézia foi pacífico: "A radiografia da província da Zambézia, depois da votação, é positiva, tendo em conta que garantimos com sucesso a escolta do material de votacão para os locais de votação, como também o regresso até às sedes distritais do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral [STAE]".

"Em alguns pontos, [algumas pessoas] foram resistentes ao cumprimento da lei. A polícia viu inevitavelmente a necessidade de agir usando hierarquicamente todas as formas lícitas estabelecidas na lei para rechaçar qualquer ato de violência e credibilizar este processo, o que foi o nosso maior objetivo. Assim, conseguimos garantir que este processo fosse credível", acrescenta Lonzo.

O porta-voz do STAE na Zambézia, Emílio Rapolho, garante que os resultados oficiais da votação ao nível da província serão divulgados no domingo (20.10), em Quelimane.