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Moçambique aumenta número de áreas protegidas

Issufo, Nádia Adamo7 de novembro de 2012

Reconhecida a sua imensa riqueza natural, Moçambique acaba de declarar as Ilhas Primeiras e Segundas áreas ecológicas protegidas. Uma conquista suada que contou também com o contributo das comunidades locais.

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Foram necessários mais de oito anos de trabalho para que os dois arquipélagos fossem elevados a esse estatuto. Trata-se do resultado de um trabalho conjunto entre várias instituições nacionais, para além da organização ambientalista internacional, World Wildlife Fund (WWF), que primeiro pesquisou e sistematizou as informações. O percurso até aqui foi árduo contou à DW África Alice Costa, coordenadora do programa marinho da WWF: "A dificuldade foi juntar todas as instituições e convence-las da importância da preservação dos recursos".

As ilhas situam-se na província da Zambézia, no centro do país, e têm abundantes reservas de coral, para além de tartarugas marinhas e aves, como a gaivota de dorso preto. Com a promoção as zonas de reserva, as espécies nativas estarão melhor protegidas e a coordenação das ações de conservação entre as instituições e as comunidades locais funcionará melhor, diz a especialista.

O verdadeiro trabalho começa agora

Mas o trabalho não acaba por aqui, de acordo com Alice Costa. A partir de agora começa uma nova etapa, que consiste da capacitação das instituições, da elaboração de um plano de gestão que envolva as instituições no terreno, da escolha da instituição que vai estar à frente do projeto, da determinação do tipo de equipa que será necessário para gerir a área e mais: "Em termos de recursos financeiros temos de saber quais são as necessidades. A WWF vai apoiar com toda a informação necessária."

Alice Costa refere a importância das espécies que vivem nos arquipélagos: "As gaivinhas de dorso preto são aves indicadoras do estado ecológico da região. São raras e a sua ocorrência indica a importância da área. Quando se começou o processo de preservação, havia caça ilegal das aves e coleta de ovos de tartaruga". O projeto, diz a especialista, começou para proteger as espécies. Depois passou-se à sensibilização da população: "Depressa se conseguiu reduzir a caça. A população participava na sensibilização".

Preservar as ilhas é garantir a subsistência das pessoas

As comunidades que vivem nas proximidades das ilhas e dependem delas para a sua subsistência contribuem também para a sua preservação. Os arquipélagos não são habitados, mas os pescadores usam-nos para acampar. As pessoas que usufruem dos seus recursos naturais vivem na costa, da qual as ilhas distam entre 20 a 40 quilómetros.

Uma das fragilidades em Moçambique é as dificuldades financeiras. A ação de preservação das ilhas é feita com a ajuda do Madagáscar, que disponibiliza os seus barcos de patrulha. A situação pode agora melhorar, diz Alice Costa esperançosa: "Vai ser muito melhor, porque antes não tínhamos uma área declarada. Com a designação podemos ter uma colaboração mais aberta e forte com o Madagáscar". A especialista conta com uma cooperação mais estreita com aquele país: "Mas isso só será definido quando fizermos o plano de gestão e quando definirmos a intervenção de cada um dos setores e países chave".

A proteção das ilhas resultará, segundo estimativas do WWF, num aumento da quantidade de peixe, que será o maior benefício do projeto para a população. E os arquipélagos vão aumentar o grupo de outras áreas ecológicas protegidas em Moçambique, de que fazem parte o Parque Nacional da Quirimbas, as Ilhas Vamize e Rongue e o Arquipélago de Bazaruto.

Autora: Nádia Issufo
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha